MotoGP, Catalunha: Miguel Oliveira, a KTM e uma mão cheia de nada!
Brad Binder, ainda ontem avançava à publicação alemã Speedweek que o seu objetivo seria lutar por vitórias. Embora o afirmasse, empolgado com o sexto lugar que ocupava após o segundo treino livre, ficou claro que se enganou, o que aliás não surpreende porque na KTM, se num dia as coisas correm bem, no seguinte tudo muda, e para pior na maior parte dos casos. No entanto, isto diz-nos também que a sua RC16, embora igual por fora à de Miguel Oliveira, na verdade terá uma regulação completamente distinta. Quem já viveu a competição por dentro, como é o caso deste vosso escriba (também fiz muitos arranhões no tempo em que corri), sabe perfeitamente que isto é possível, que há muita coisa mantida em segredo e que nunca sequer chega aos meios de comunicação…
Ora se a Honda o deixou de fazer com a moto de Marc Marquez, mudando para uma estratégia de ‘motos iguais’ para todos os seus pilotos, a equipa austríaca decidiu fazer precisamente o oposto, concentrando certamente muito do esforço evolutivo na moto de um único piloto: Brad Binder. Porém, sucede que Pit Beirer parece se ter esquecido que tem talentos de sobra: Miguel Oliveira com 4 vitórias em MotoGP, Remy Gardner campeão do mundo de Moto2, e um Raul Fernandez disposto a morder os calcanhares para subir. Tem também duas equipas, e nenhuma está a beneficiar com esta filosofia de total absolutismo.
O primeiro resultado de Beirer tirar quase toda a carne do assador, está à vista de todos e é desatroso com a equipa a andar para trás a todos os níveis. Depois do segundo lugar de Brad Binder no Qatar, e da vitória de Miguel Oliveira na Indonésia, nunca mais os seus pilotos voltaram a pisar um pódio. Não está em causa a qualidade do sul-africano Brad Binder, mas sim uma política de teimosia que resultou em nada. O segundo resultado é ainda pior: Oliveira, Gardner e Fernandez preparam-se para fazer as malas e sairem depois de serem atirados aos lobos, literalmente. Se é para isto que serve a Academia KTM, aconselho então qualquer piloto a não ficar por lá muito tempo!
Assim… não dá mesmo, e se Miguel Oliveira pensa em mudar de equipa, ou já tem lugar assegurado, felizmente para ele porque tem talento suficiente para estar em qualquer equipa de topo. Lembro que nos seus tempos da Moto3, teve a oportunidade de seguir para Honda ‘Estrella Gallicia’ e não o fez, esforçou o couro todo na KTM e no final de sete anos de fidelidade e bons resultados, a recompensa foi um convite ‘envergonhado’ de Pit Beirer para o Miguel descer à Tech3 em 2023. Que desfaçatez!
RICARDO FERREIRA