Francesco Bagnaia e Casey Stoner, foram campeões mundiais com a Ducati e desfilaram juntos no Festival de Goodwood. Quinze anos separam os seus títulos, pelo que não é fácil estabelecer um elo entre o bicampeão do mundo australiano e o italiano que se consagrou campeão do MotoGP em 2022.
Um dos pontos altos do Goodwood Festival Of Speed foi o momento em que Francesco Bagnaia (26 anos) e Casey Stoner (37 anos), conduziram as motos vencedoras dos dois títulos mundiais conquistados pelo fabricante de Borgo Panigale, em épocas muito diferentes, 2007 e 2022. Uma imagem fortemente evocativa que tocou os corações dos entusiastas presentes.
Stoner e Pecco são dois campeões mundiais, filhos de duas épocas tão diferentes entre si do ponto de vista técnico, de desempenho e regulamento, mas tão iguais nas emoções, nas desilusões anteriores e na euforia libertadora que os conduziu ao sucesso. Duas histórias distintas caracterizadas por percursos diferentes.
O pesado legado de Stoner
Bagnaia e Stoner representam dois mundos distantes um do outro, embora ligados pelo fio condutor vermelho da Ducati e tudo o que ele implica. Casey Stoner chegou à Europa para disputar o mundial com grande sacrifício pessoal e familiar, seguindo os passos de Mick Doohan e outros australianos, e durante anos foi o único e último piloto da Ducati capaz de levar a indomável moto de Borgo Panigale ao triunfo. Não foi fácil para os sucessores do jovem australiano, acompanhar a constante comparação tanto do ponto de vista dos resultados quanto da “mágica” do estilo de pilotagem do bicampeão mundial. Casey Stoner rapidamente se destacou com um mestre da aceleração fora de curva e no drift quando era necessário.
Mas os méritos de Stoner, não se ficam apenas pelo pioneirismo do primeiro título da Ducati no MotoGP. O australiano foi épico na luta contra rivais fortíssimos, desde o talentoso Daniel Pedrosa até obviamente Valentino Rossi , nos anos em que o piloto de Tavullia era o dominador absoluto da categoria rainha. O legado deixado por Stoner tornou-se assim muito pesado para todos o que lhe queriam suceder, mas compreensivelmente legitimado pelos muitos anos passados em abstinência de vitórias no que diz respeito à Ducati.
O ‘Novo Mundo’ de Bagnaia
O MotoGP dos últimos anos mudou consideravelmente em relação ao que aconteceu há quinze anos atrás, tanto dentro como fora dele. A própria Ducati mudou, passando da moto “difícil de pilotar e de levar ao limite” por excelência, para a referência da classe rainha, versátil para qualquer piloto e estilo de pilotagem. Um fator que muitas vezes arriscou diminuir (e muitas vezes conseguiu) o feito de Bagnaia na temporada de 2022. Contudo, a verdade é que o piloto italiano conseguindo trazer de volta à Ducati um título que vinha fugindo há muito das motos de Borgo Panigale.
O talento de Bagnaia é diferente do de Stoner e marcado por outros fatores que acabam por tornar ambos os estilos únicos; o legado do piloto de Chivasso não corresponde totalmente ao legado do australiano. Ainda assim, Bagnaia tem sabido fazer sua, quer pela natureza, quer pelo estudo analítico dos que o precederam, uma forma de vencer e de ser veloz que em termos de autoridade e gestão é muito semelhante ao australiano. Mas fora assim, os dois títulos da categoria rainha, separados por 15 anos, dificilmente são praticamente incomparáveis.
Ainda assim, convém referir que Bagnaia soma atualmente um total de 25 vitórias (4 vitórias em 2023) e 48 pódios, contando com um título no MotoGP e outro na Moto2 num total de 180 corridas realizadas em ambas as categorias. Ainda assim o italiano está ainda longe de chegar aos calcanhares de Stoner, que se retirou em 2016 com dois títulos de MotoGP (2007 com a Ducati; 2011 com a Honda) 45 vitórias e 89 pódios, para um total de 178 corridas realizadadas – portanto, num espaço temporal mais curto que o de Bagnaia.
