MotoGP, Austrália, Corrida: Álex Rins venceu uma das melhores corrida da época
Álex Rins (Team Suzuki Ecstar) venceu o Grande Prémio da Austrália numa corrida fantástica e com muitas ultrapassagens na frente do pelotão. Marc Márquez (Repsol Honda Team) regressou ao pódio no MotoGP, segurando o segundo lugar da classificação, enquanto Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team), que liderou a corrida e fez uma das melhores manobras de ultrapassagem da prova, fechou o pódio e ascendeu à liderança do campeonato de pilotos.
Foi uma corrida com várias ultrapassagens e muita indefinição sobre quem seria o vencedor, sendo apenas na última volta que ficou decidido. O pelotão esteve muito compacto durante a maioria das 27 voltas ao traçado australiano, permitindo várias trocas de posições, mais ao estilo do Moto3 do que a classe rainha nos tem dado este ano.
Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha MotoGP) cometeu um erro na fase inicial da corrida, perdendo várias posições e mais tarde caiu, desistindo e perdendo o primeiro lugar do campeonato. Uma corrida de pesadelo.
Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory Racing) recuperou até ao 12º lugar final, conseguindo assim entrar nos pontos numa corrida em que arrancou do 24º posto e ainda teve de cumprir uma penalização de ‘long lap’.
Marco Bezzecchi (Mooney VR46 Racing Team), que esteve no grupo da frente da corrida australiana e terminou no quarto lugar da classificação, foi coroado o melhor ‘Rookie’ da época.
Destaques:
Entre os vários pilotos que lideraram em algum momento o pelotão em Phillip Island, Álex Rins é um justo vencedor. Arrancou do 10º lugar da grelha de partida e na fase inicial da corrida conseguiu várias ultrapassagens importantes para o resultado final. Aproveitou o ímpeto para chegar ao grupo que discutiram a vitória, mas houve um momento em que parecia que podia ficar de fora do pódio. No entanto, com um último esforço, ultrapassou Marc Márquez e Francesco Bagnaia, conseguindo segurar o piloto da Honda durante a derradeira volta do Grande Prémio da Austrália. Uma boa prestação do piloto da Suzuki.
Foi o regresso de Marc Márquez ao pódio, o centésimo da carreira no MotoGP, numa época onde estava meses afastado da competição depois de uma queda e da lesão sofrida. Esteve na luta pela vitória e comprovou estar em boa forma.
Francesco Bagnaia perdeu a vitória na corrida na última volta, mas não conseguiu aguentar a enorme pressão de Rins e depois de Márquez. Somando o seu resultado com a queda e desistência de Fabio Quartararo, subiu à liderança do campeonato de pilotos. Está numa fase muito boa da época, apesar de não ter vencido, e vai ser difícil para Quartararo recuperar o primeiro lugar do campeonato. A Yamaha não ajuda e a vida parece complicada para o piloto francês, que liderava a classificação entre os pilotos desde o Grande Prémio de Portugal.
Marco Bezzecchi, além de ter conseguido o título de estreante da época, foi um verdadeiro ‘guarda-costas’ de Bagnaia até onde conseguiu aguentar. O jovem não atacou o primeiro lugar do piloto da Ducati oficial quando seguia na vice-liderança e depois não foi capaz de aguentar o ímpeto dos seus adversários que tinham como objetivo a vitória. Foi o quarto classificado com uma boa performance.
Jorge Martin (Pramac Racing) fez uma corrida da frente para trás. Liderou durante algumas voltas, com Márquez no segundo posto, mas quando perdeu o primeiro lugar começou a cair na classificação e terminou no sétimo lugar. Quem nunca se conseguiu imiscuir no grupo de pilotos que lutaram pelo primeiro posto foi Aleix Espargaró (Aprilia Racing). Rodou várias voltas no sexto lugar com Brad Binder (Red Bull KTM Factory Racing) colado à traseira da sua moto, mas depois de perder a posição para Luca Marini (Mooney VR46 Racing Team), assim como o companheiro de Miguel Oliveira, caiu na classificação. Ambos fecharam o top 10.
Um último destaque para o esforço enorme de Miguel Oliveira naquele que foi um dos mais difíceis Grande Prémios da época. Largou do 24º posto, cumpriu uma ‘long lap’ como penalização pelo erro na qualificação e ainda foi a tempo de garantir alguns pontos para o campeonato, segurando o 12º lugar final. Perdeu algum tempo atrás de Darryn Binder (WithU Yamaha RNF MotoGP Team), que possivelmente o afastou de poder ainda sonhar com a entrada nos dez primeiros. Num pelotão com distâncias tão curtas entre os pilotos, Oliveira teve um ritmo alto, provando que poderia ter tido uma classificação completamente diferente caso tivesse arrancado de posições mais cimeiras na grelha de partida.
Filme da corrida:
Jorge Martín arrancava da pole position para o regresso do MotoGP à Austrália, no circuito de Phillip Island. Miguel Oliveira não conseguiu a qualificação direta para a Q2, e conquistou apenas o 21º tempo da sessão. O cenário piorou na sala dos comissários desportivos, com uma penalização de três lugares a atirá-lo para o último lugar, para além de ter de cumprir uma ‘long lap’ nos instantes iniciais da prova.
Apesar de ter um mau arranque, Francesco Bagnaia conseguiu manter o terceiro posto da classificação no final da primeira volta, com Jorge Martin a liderar o pelotão e Marc Márquez sempre ‘colado’ à traseira da Ducati. Fabio Quartararo, que passou para o terceiro posto nos primeiros metros da corrida, baixou para quinto na primeira passagem pela linha de meta.
Ainda na terceira volta, as posições atrás do terceiro posto de Bagnaia iam sendo muito disputadas. Jack Miller (Ducati Lenovo Team) ultrapassou Quartararo, sendo imitado por Aleix Espargaró (Aprilia Racing). Muito pressionado no meio do pelotão, Fabio Quartararo falhou o ponto de travagem na curva 4 e seguiu em frente pela escapatória indo ainda à relva. Não caiu, mas perdeu várias posições, caindo para fora dos pontos.
Depois de um erro de Bagnaia na volta 4, Miller ficou mais próximo da traseira da moto da seu companheiro de equipa, que perdeu mesmo o terceiro posto duas voltas depois. O italiano respondeu e conseguiu recuperar a posição a Miller, que por sua vez tinha Álex Rins (Team Suzuki Ecstar) logo atrás.
O piloto da Suzuki ultrapassou mesmo Jack Miller na volta 7, sendo um dos mais rápidos em pista. Rins aproveitou o ímpeto – recordamos que arrancou do 10º posto da grelha de partida – e subiu mais uma posição, depois de deixar Francesco Bagnaia para trás. Estava em posição de pódio.
Na frente do pelotão, Martin e Márquez estavam ‘cimentados’ nos dois primeiros lugares do pelotão. Um pouco mais atrás, Álex Márquez (LCR Honda) entrou com muita velocidade numa das curvas do traçado australiano e bateu na Ducati de Jack Miller, que tinha perdido a posição para Marco Bezzecchi (Mooney VR46 Racing Team), e caíram os dois com alguma violência no asfalto.
Álex Rins estava com um ritmo endiabrado e subiu mais uma posição depois de ultrapassar Marc Márquez. Pouco depois, na volta 11 e numa altura em que tinha reentrado nas posições pontuáveis, Fabio Quartararo perdeu o controlo da Yamaha e caiu, terminando a corrida para o francês. Naquele momento, o piloto tinha perdido a liderança do campeonato para Francesco Bagnaia.
Miguel Oliveira estava, na volta 13, no décimo sétimo posto, mais próximo dos pontos.
O pelotão encurtou distâncias e formou-se um grupo na frente do pelotão, que levou Rins a atacar a posição de Jorge Martin, que conseguiu ultrapassar pouco depois, com Bagnaia a aproveitar os ataques e passar para o segundo posto. Jorge Martin perdeu várias posições e passou para o quinto posto.
Com 14 voltas ainda para o final da corrida, Francesco Bagnaia assaltou a liderança recente de Álex Rins, passando a liderar o pelotão, enquanto Marc Márquez beneficiou dessa disputa para também ultrapassar o piloto da Suzuki e regressando ao segundo lugar.
Na mesma curva, Rins ultrapassou Márquez, pelo segundo posto, e Jorge Martin deixou Bezzecchi para trás no quinto posto.
No sétimo posto, Brad Binder (Red Bull KTM Factory Racing) pressionava Aleix Espargaró, o que permitia aos cinco pilotos à sua frente ganharem alguma vantagem para o restante do pelotão e criando um grupo na liderança da corrida. Jorge Martin recuperou mais uma posição, ultrapassando Marc Márquez e subindo ao terceiro posto. O piloto espanhol respondeu e subiu ao terceiro lugar, para pouco depois voltar a perder a posição, desta vez para Marco Bezzecchi.
Um pouco mais atrás, um erro obrigou Aleix Espargaró a alargar a trajetória e a perder a posição para Luca Marini (Mooney VR46 Racing Team), que tinha ultrapassado antes Brad Binder.
Na frente da corrida as ultrapassagens sucediam-se e Marco Bezzecchi e Marc Márquez deixavam para trás Álex Rins.
Na entrada das seis últimas voltas, Márquez cometeu um pequeno erro e perdeu o terceiro posto para Rins e Jorge Martin. Mais atrás, Oliveira ascendeu ao 14º posto.
Faltavam 4 voltas para o final de uma espetacular corrida, que mais parecia de Moto3 tais as constantes trocas de posições, e Francesco Bagnaia, Marco Bezzecchi, Álex Rins e Marc Márquez distanciaram-se do restante pelotão, mas dentro deste pequeno grupo ninguém tinha o seu lugar consolidado.
Bezzecchi serviu de ‘guarda-costas’ a Bagnaia, mas não aguentou a pressão exercida por Álex Rins e Marc Márquez, perdendo duas posições quase no mesmo momento. Rins era assim, segundo classificado e Márquez terceiro.
Com duas voltas para o fim, o pelotão estava novamente compacto, enquanto Rins pressionava cada vez mais Francesco Bagnaia. Tudo para decidir na última volta.
Nas primeiras curvas da derradeira volta, Aléx Rins ultrapassou Francesco Bagnaia, assim como Marc Márquez. Assim, foi Rins a vencer, seguido de Márquez e Bagnaia, que lidera agora o campeonato por 14 pontos sobre Fabio Quartararo.
Miguel Oliveira conseguiu ainda ascender ao 12º posto da classificação da corrida. Um esforço tremendo do piloto português.