MotoGP: Augusto Fernández e o doce envenenado da KTM
A notícia da passagem para o MotoGP é sempre uma das maiores alegrias que um piloto de Moto2 pode ter. Augusto Fernández, atual líder da categoria intermédia , já sabe que vai correr no MotoGP na próxima temporada com a recém-lançada equipa GASGAS , mas a sua promoção não passa de um doce envenenado.
A situação contratual da KTM para 2024 deixa muito claro que a ascensão de Fernández é um projeto de uma temporada. Augusto Fernández terá que encontrar outro destino fora da KTM para 2024, a menos que haja alguma alteração nos contratos que a marca já assinou.
A KTM já tem quatro pilotos com contrato de MotoGP para 2024, e nenhum é Fernández. Além disso, a perspectiva contratual da KTM para 2024 é muito clara. Na equipa de fábrica têm Brad Binder e Jack Miller sob contrato. O sul-africano renovou por quatro temporadas, é o capitão da KTM e está a fazer um excelente campeonato do mundo, colocado na sexta posição. Quanto a Miller, o australiano acabou de assinar um contrato de dois anos.
Na GasGas, a nova equipa satélite da KTM, está Pol Espargaró. O próprio piloto espanhol confirmou na época que o contrato que havia assinado era de duas temporadas, ou seja, 2023 e 2024. No caso de Augusto Fernández, foi claramente especificado que o seu contrato com a KTM é de apenas um ano, 2023.
A razão pela qual a KTM não estabelece um contrato de dois anos com Fernández, parece-nos muito óbvia: Pedro Acosta. A marca austríaca assinou com o piloto de Múrcia um contrato de três anos, segundo o qual Acosta correria na Moto2 em 2022 e na MotoGP em 2024. 2023 seria estudado entre ambas as partes, que finalmente decidiram continuar na categoria intermédia.
Ou seja, a KTM já tem quatro pilotos contratados para correr no MotoGP em 2024, e nenhum deles é Fernández. Claro, sempre pode haver algo estranho, como outra marca a pagar a cláusula de Acosta e levando-o embora ou Miller. Além disso, a trajetória de Fernandez parece muito semelhante à de Remy Gardner. Ambos são pilotos altos e corpulentos, quase sem experiência na Moto3 e que passaram muitos anos na Moto2 passando por diferentes equipas antes de chegarem à de Aki Ajo, onde, se Fernández conseguir, conquistarão o título.
Fernández chegará ao MotoGP com 25 anos , que Gardner fez em fevereiro. Tudo aponta para que o espanhol seja apenas ‘mais um’ na KTM e por isso está na altura do seu empresário começar a mexer-se para não o seu piloto ‘reformado’ ainda novo nas SBK – exatamente como Gardner. Muito discutível e pouco humana esta estranha política de contratações da KTM… com sobrinhos e enteados!