MotoGP, Andaluzia: Os problemas de Valentino Rossi

Por a 23 Julho 2020 11:00

Valentino Rossi não ganha um Grande Prémio há três anos, e mais uma vez saiu de mãos vazias em Jerez depois de uma avaria, mas não perdeu o sentido de humor, e no passado já recuperou de muitos momentos em baixa.

Quando Valentino Rossi parou a sua Yamaha de fábrica com uma avaria após a sua aparição discreta no domingo passado, ainda conseguiu gracejar: “Desculpem, senão fosse isto eu teria ganho.”

E sim, a super-estrela sempre jovem não vence desde 25 de Junho de 2017 em Assen, onde conquistou uma vitória sobre Danilo Petrucci e Marc Márquez, e nos últimos três anos desde 2017 tem batido repetidamente estreantes na Yamaha – Zarco, Folger, Quartararo- em dadas ocasiões. Agora, o italiano admitiu que não consegue lidar bem com a construção de pneus macios da Michelin.

Mas Rossi já se adaptou a novas circunstâncias frequentemente.

Mudou das 500 dois tempos para as 900 de quatro tempos, de Dunlop para Michelin, depois para Bridgestone e novamente para Michelin, conduziu com sucesso 125cc, 250 cc, 500 cc, 990 cc, 800 cc e agora MotoGP de 1000 cc. Habituou-se aos sistemas eletrónicos, derrotou gerações inteiras de adversários, de Biaggi a Gibernau a Stoner e Lorenzo, e também saiu por cima de muitas escaramuças em pista.

É por isso que tudo se pode esperar do piloto de Tavullia. Tal como Rossi tem lutado muitas vezes até ao topo numa corrida depois de uma sessão de treino falhada.

É apenas uma questão de décimos de segundo, e os dados de Viñales, Quartararo e Morbidelli, se partilhados intra-Yamaha, poderiam ajudar.

“Com o Maverick, perdi a maior parte do meu tempo a travar em Jerez”, comentou Valentino. Mas reconhece: “Fábio e Maverick estão muito, muito rápidos.”

Rossi já não pode ser considerado um candidato de topo ao título mundial, falhou vezes demais desde 2009. Mas as lutas pelos lugares do pódio não estão excluídas, afinal, ganhou dois segundos lugares limpos na Argentina e no Texas em 2019. E a Yamaha YZR M1 tornou-se mais potente desde então.

Quando um piloto de motociclismo luta por títulos mundiais, pódios e vitórias em todas as classes imagináveis de MotoGP de 1996 a 2020, quebra quase todos os recordes e conquista nove títulos mundiais e 115 vitórias em GP, enquanto os adversários por vezes só brilham ao fim de dois ou três anos, deve possuir qualidades excecionais. “Ninguém pilota de forma tão inteligente e rápido como o Valentino na última volta“, diz o seu antigo chefe de equipa Jeremy Burgess. Rossi tem 115 vitórias em 402 Grandes Prémios, mas tem apenas 65 pole positions. É por isso que o piloto da Honda, Cal Crutchlow, diz: “Valentino é um homem do dia da corrida.”

O atual colega de equipa de Valentino na Yamaha, Maverick Viñales, sabe isso bem: “Mesmo se Valentino é apenas 13º ou 14º na qualificação, não importa. No domingo, luta sempre pelo pódio.”

Rossi vive pelo lema: trabalhar ao máximo, brincar ao máximo. Apesar de treinar mais do que nunca, presta atenção a cada grama de gordura, é considerado um talentoso motociclista, também refina todos os equipamentos, desde fatos de cabedal a capacetes, luvas e botas, bem como airbags, anda é rápido em todas as pistas de corrida, com chuva e seco, e não revela quase nenhuma fraqueza, mas a sua Yamaha não tem sido uma moto vencedora para longas distâncias nos últimos três anos.

“Honda, Ducati e até Suzuki fizeram progressos acima do que temos até Agosto de 2019”, diz o piloto sempre jovem. Só desde Agosto de 2019 a parada voltou a subir.

A Yamaha substituiu toda a gestão de corrida e trouxe jovens técnicos a bordo com ideias novas. Pouco antes, no GP da Áustria de 2018, os japoneses pediram humildemente desculpa pelo estado pouco competitivo da M1.

Para mais, Rossi só se lesionou gravemente em pista uma vez: uma perna fraturada nos treinos de Mugello em 2010. Seis semanas depois, Rossi mordeu o freio para alinhar na corrida do Campeonato do Mundo na Alemanha e conquistar um 4º lugar. A maioria dos ferimentos que tem sofrido vieram de treinos fora das pistas de GP – em motocross ou enduro ou até em casa, quando caiu numa mesa de vidro em circunstâncias misteriosas…

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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