MotoGP, 2021, Portimão: O regresso de Marc Márquez
Marc Márquez trilha o caminho de outros grandes do desporto com o seu regresso ao MotoGP, superando uma lesão grave que podia ter ditado o fim da sua carreira
Finalmente aconteceu: Marc Márquez (Honda Repsol Team) recebeu este fim-de-semana luz verde para voltar à sua RC213V no Autódromo Internacional do Algarve.
O Grande Prémio 888 de Portugal, terceira ronda do Mundial de MotoGP de 2021, ficará sem dúvida na história, uma vez que o oito-vezes campeão do mundo volta estar sob os holofotes ao fim de nove meses de ausência.
É um momento que tem sido muito aguardado pelos fãs de MotoGP em todo o mundo, mas também pelos amantes do desporto.
Evoca memórias de outros grandes heróis desportivos que regressam depois de lutarem contra lesões graves, por vezes ameaçadoras de carreira. Todos eles voltariam ao auge absoluto do seu desporto, como Márquez procurará fazer.
O regresso de Marc pode ser comparado com o de outros ex-pilotos de classe rainha, como a lenda do MotoGP Mick Doohan.
O australiano quase perdeu a perna direita em 1992, depois de um grave acidente em Assen que levou a uma infeção perigosa. Uma recuperação espetacular, quando faltavam apenas quatro corridas, viu-o tentar conquistar o título nas duas últimas rondas no Brasil e na África do Sul.
Infelizmente não foi suficiente, com a coroa a ir para Wayne Rainey por apenas quatro pontos. Apesar de não ter conseguido conquistar o título nesse ano, viria a vencer corridas na classe rainha pelo resto da década, conquistando cinco títulos incríveis entre 1994 e 1998.
Se olharmos para além do MotoGP, os exemplos são numerosos. No automobilismo em particular, temos alguns retornos icónicos. Em primeiro lugar, temos de recordar o falecido, grande Niki Lauda e a sua capacidade de recuperar das lesões sofridas após um acidente no Grande Prémio da Alemanha de F1 de 1976.
Apesar de ter recebido queimaduras graves no terrível acidente, Lauda voltaria à luta apenas 6 semanas depois, um verdadeiro herói. Foi vice-campeão nesse ano, mas viria a conquistar o seu segundo título um ano depois, antes de conquistar a sua última coroa mundial em 1984.
Recorde-se também o acidente de Michael Schumacher no GP da Grã-Bretanha de 1999, em que após fracturar uma perna perderia as seis corridas seguintes. No entanto, voltaria mais forte do que nunca, conquistando o título mundial de 2000 a 2004 com a Ferrari.
Alex Zanardi é mais um inspirador regresso. Em 2001, sofreu um terrível acidente em Lausitz, onde perdeu as duas pernas. A sua coragem, determinação e relutância em aceitar derrota é inspiradora para muitos. Voltaria a competir apenas dois anos depois em Turismos, somando vitórias nos anos seguintes, embora a sua maior recompensa viesse na forma de medalhas nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012 e Rio 2016.
Outro exemplo seria o regresso do polaco Robert Kubica. Um grave acidente em 2011 quase lhe custou a amputação da mão direita. Recuperaria, no entanto, para voltar a competir no auge dos ralis, antes de fazer o tão aguardado regresso à F1 em 2019.
No mundo do futebol, vimos alguns dos maiores jogadores da modalidade regressarem de grandes lesões, como Ronaldo Nazário e Diego Maradona.
O primeiro superou uma série de lesões graves no joelho, uma das quais pouco antes do Mundial de 2002, uma competição que ajudou o seu país a vencer pela quinta vez.
No caso do falecido Maradona, o famoso número 10 argentino superou uma grave lesão no tornozelo enquanto jogava no Barcelona. Ganhou o Campeonato do Mundo no México em 1986 e, oito anos depois, Maradona viria a protagonizar o Mundial de 1994, nos EUA.
No basquetebol, a famosa estrela Michael Jordan regressou depois de inúmeros contratempos por lesão. Mais recentemente, não podemos esquecer o regresso do grande Kobe Bryant.
O ‘Black Mamba’ marcou dois lances livres para os LA Lakers nas eliminatórias de 2013, e aos 35 anos, mostrou a sua proeza e voltou tão competitivo como sempre para publicar estatísticas inacreditáveis nas suas duas últimas temporadas com os Lakers.
O ténis também viu a sua quota-parte de grandes reviravoltas por lesão.
Os três jogadores masculinos mais bem sucedidos de todos os tempos, Roger Federer, Rafa Nadal e Novak Djokovic, foram todos afetados por lesão durante as suas ilustres carreiras.
No entanto, o caso de Mónica Seles é uma história para contar. Em 1993, com apenas 19 anos, surpreendeu o mundo ao conquistar o seu oitavo título do Grand Slam, três anos depois de se ter tornado na mais jovem vencedora do Open de França, com 16 anos.
No entanto, em 1993, foi vítima de um ataque em campo em que um homem a esfaqueou pelas costas, mas voltou para ganhar o seu quarto Open da Austrália em 1996, o seu nono Grand Slam.
Além disso, conquistou bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney de 2000 e ajudou a equipa norte-americana a vencer a Taça da Federação por três vezes.
A vitória de Tiger Woods no Masters é outro dos grandes regressos desportivos. Sofrendo de problemas nas costas de longo prazo, o norte-americano tornou-se o golfista mais velho a vencer o Masters desde 1986.
Como se vê, já testemunhámos alguns regressos desportivos incríveis. Agora esperamos para ver o que Marc Márquez pode fazer depois de nove meses à margem. Após três cirurgias e muito tempo longe da moto, o número 93 está pronto para voltar a competir em 2021.