MotoGP, 2021: O novo mecânico-chefe de Oliveira
Paul Trevathan, da KTM, está prestes a receber Miguel Oliveira na boxe da fábrica, mas já conhece bem o piloto português
De facto, Miguel é um produto, e exemplo do sucesso, da escola de pilotos que o fabricante austríaco criou nos Grandes Prémios, e o seu futuro engenheiro-chefe, Paul Trevathan, já trabalhou com ele durante o tempo de Moto2 na Ajo.
Assim, Trevathan não se preocupa com a adaptação ao sucessor de Pol Espargaró, até porque também já tinha tomado conta de Johann Zarco.
A KTM teve o ano passado a sua melhor temporada até agora no MotoGP.
A sua RC16 parece ter atingido a maturidade em 2020, com três vitórias registadas e um quinto lugar na classificação final de pilotos com Pol Espargaró. Apesar deste belo final, no entanto, o espanhol não experimentou a alegria da vitória, ao contrário do seu companheiro de equipa Brad Binder, estreante, e aquele que lhe sucederá agora no seio da equipa. Miguel Oliveira, que já venceu duas vezes.
O português assume o lugar do mais jovem dos Espargaró, que está agora na Honda. Mas para o engenheiro-chefe Paul Trevathan, continua em terreno bem conhecido com o piloto vindo da Tech3:
“O Miguel é muito inteligente. Conheço-o muito bem. Durante a temporada de 2015, tomei conta dele e do Brad Binder na equipa do Ajo. Portanto, com este par de pilotos, não haverá surpresas para nós”, comentou o técnico.
“Estou curioso para ver se conseguimos tirar mais do Miguel do que ele já mostrou. Foi muito bom até aqui”, diz Trevathan. “Estou ansioso pelo desafio e mal posso esperar para ver se podemos chegar ao mesmo nível ou até mais.”
Comentários que indicam que ainda há trabalho a fazer na KTM, mesmo que o patrão da marca já tenha afirmado que esta temporada o título é o objetivo…
Oliveira será o piloto KTM com as maiores expectativas da nova temporada.
Por isso, terá que lidar com alguma pressão:
“Acho que ele está pronto para isso. Ele vai ter de continuar a aprender a lidar com o stress que o Pol estava a enfrentar. As pressões serão diferentes”, admite Trevathan.
Em termos de desenvolvimento, Oliveira terá muito que fazer. A KTM já viu como as coisas podem correr mal, com Johann Zarco, que deixou a equipa após seis meses na temporada de 2019, para começar do zero e relançar a sua carreira. Um período que deixou algumas recordações a Trevathan:
“O Johann pensou que vinha para cá e tudo seria servido numa bandeja. Ele não se apercebeu que tinha de tomar decisões”, disse numa entrevista recente.
“Podemos dar mais ferramentas aos pilotos, mas trata-se de trabalhar para melhorar as coisas.” diz Paul Trevathan.
E Trevathan explica o que isto significa: “Quando testámos com Pol em Sepang, por exemplo, ele andou durante os seis dias e só conseguiu concentrar-se em si mesmo quando lhe demos um pneu novo”, relata o líder da equipa técnica da KTM. “De resto, tentou coisas diferentes na moto”
“Cada teste tem a ver com avaliar o que é melhor, o que funciona melhor e o que deve ser usado para o resto do ano. Esta carga de trabalho é imensa. Estou curioso para saber como é que o Miguel vai lidar com isso como líder”, conclui Trevathan.