MotoGP, 2021, Mugello: Onde bandeira-a-bandeira começou
A mais recente corrida que trouxe de volta o bandeira-a-bandeira depois de um longo intervalo de 4 anos, lembra que Mugello foi justamente onde o conceito foi usado pela primeira vez
O espetáculo dos pilotos a entrarem no pit lane, enganarem-se nas boxes na precipitação ou cair ao trocar de moto, não se via em MotoGP desde Brno em 2017.
Agora, depois de ter sido usado em Le Mans, os pensamentos voltam-se para Mugello em 2004.
Nesse ano, a corrida de MotoGP nas colinas da Toscana marcou a estreia do conceito de bandeira-a-bandeira.
Foi uma tarde extraordinária, que resultou na corrida mais curta de sempre da categoria rainha nos 73 anos de história do Grande Prémio.
Apenas seis voltas ao circuito de 5,24 km, uma distância de 31,47 km, trouxeram a Valentino Rossi os 25 pontos de vencedor e uma receção de herói para montar a sua bem sucedida candidatura ao Campeonato do Mundo na Yamaha.
A corrida que tinha começado a seco foi interrompida após 17 voltas, quando a chuva começou a cair, e os resultados da segunda corrida determinariam o resultado final e os pontos atribuídos.
O facto de a segunda corrida ter apenas seis voltas para perfazer a distância original da corrida de 23 voltas não importava.
O conceito de bandeira-a-bandeira foi estreado. Os pilotos podiam mudar para uma moto com pneus diferentes se a corrida começasse a seco e depois começasse a chover, ou na direção oposta, de molhado para seco.
A primeira vez que a bandeira branca foi mostrada para indicar que os pilotos podiam mudar de slicks para pneus de chuva veio no Estoril, em Portugal, nesse mesmo ano. Era apenas a segunda etapa do Campeonato de 2005, mas a pista secou e nenhum piloto optou por entrar nas boxes.
Por incrível que pareça, o tempo permaneceu seco durante mais de um ano até ao Grande Prémio da Austrália de 2006 em Phillip Island, que finalmente trouxe a primeira corrida começada de bandeira-a-bandeira.
O britânico James Ellison foi o primeiro piloto de sempre a mudar de moto, mas a corrida é provavelmente mais recordada pelo vencedor Marco Melandri.
Em Phillip Island sete anos mais tarde, no Grande Prémio da Austrália de 2013, a pista tinha sido re-asfaltada e a Bridgestone logo percebeu durante os treinos que os seus pneus não iriam durar a distância.
Os pilotos foram instruídos a seguir um processo de bandeira-a-bandeira e a entrar para trocar de moto com pneus novos nas voltas nove ou dez.
Quase inacreditável da era dos computadores, dos controlos de tração, dos aceleradores sem cabos e módulos de comando eletrónicos, a equipa de Marc Márquez contou pelos dedos, enganou-se nas contas, Marc não entrou à 10ª volta e… foi desclassificado!
Esperemos que em Mugello 2021 não haja contas pelos dedos, nem bandeira-a-bandeira, e já agora, que nem chova!