MotoGP, 2021: Kevin Schwantz surpreendido com Viñales

Por a 16 Julho 2021 10:30

Na prova de Sachsenring, Maverick Viñales foi penúltimo na qualificação e terminou a corrida na última posição, para uma semana depois no GP da Holanda estar a disputar a vitória com Fabio Quartararo, algo que deixou muita gente incrédula, inclusivamente o lendário campeão do mundo Kevin Schwantz. 

O espanhol Maverick Viñales, disse publicamente pela primeira vez durante a decepcionante primeira metade da temporada, que pensaria com mais cuidado ao assinar o próximo contrato. Depois disso, recebeu um sermão da Yamaha e fez de conta que essa declaração se referia aos seus dias na Moto3 ou Moto2.

Mas quem pensou que o assunto tinha arrefecido, iludiu-se. Em boa verdade, ninguém se consegue colocar na mente do piloto de fábrica da Yamaha, mas quando ficou em último lugar na qualificação e na corrida do GP de Sachsenring, foi o mesmo que recusar-se a trabalhar – uma espécie de greve no local de trabalho, mas não fica bem a quem é principescamente pago para correr.

Talvez Viñales, quisesse usar essas medidas para persuadir os patrões da Yamaha a rescindir o contrato, o mesmo contrato de trabalho que lhe garantiu um rendimento anual de  6,5 milhões de euros!

Uma semana depois em Assen, Viñales reclamava que a Yamaha de fábrica só era competitiva quatro vezes por ano, embora a moto já tivesse conquistado quatro vitórias nas primeiras oito corridas e Fabio Quartararo liderasse claramente o Campeonato do Mundo de MotoGP. E o resultado, depois de todas estas divergências, foi o que se esperava.

A Yamaha concordou em rescindir o contrato no fim de semana do GP da Holanda no final de Junho. Ao mesmo tempo, um acordo foi feito com o chefe da equipa Petronas Yamaha Razlan Razali, que concordou em entregar o vice-campeão mundial Franco Morbidelli para a Monster Yamaha Factory Team em 2022. 

O fim de colaboração com o espanhol estava oficializado, e com um resultado pouco convincente: Viñales venceu oito corridas de MotoGP para a Yamaha em quatro anos e meio, Quartararo sete em onze meses!

Schwantz: “Vê-lo em último na Saxónia foi inacreditável”

Agora vejamos o que Kevin Schwantz (campeão do mundo de 500 cc em 1993 com a Suzuki), disse sobre este assunto numa entrevista à Speedweek, ele que como consultor da Suzuki conheceu bem Viñales em 2015 e 2016.

Em primeiro lugar, o comportamento e desempenho de Viñales na Alemanha, levantou suspeitas ao texano: “Vê-lo em último lugar com a Yamaha de fábrica na Saxónia enquanto Fábio Quartararo terminou em terceiro na corrida foi inacreditável. Com uma Yamaha de fábrica! E uma semana depois foi o mais rápido em todas as sessões em Assen, garantiu a pole position e só foi derrotado por Fabio na corrida ”, diz Schwantz.

“Os dois pilotos da Yamaha foram mais rápidos do que todos os outros no Dutch-TT – por uma margem clara. Mas cuidado: uma moto não muda de uma moto do último lugar para uma moto vencedora no espaço de uma semana. Pode melhorar do quinto ou sexto lugar para o primeiro lugar. Mas não pode ficar tão para trás e em poucos dias tornar-se tão competitiva. O Fábio mostrou isso. Ele foi o terceiro na Alemanha e o primeiro na Holanda. Num dia mau, pode-se perder três ou quatro décimos de diferença, mas não se recua 20 lugares …”

“Não é apenas preciso ser um bom piloto de corrida no MotoGP”, enfatiza o lendário texano de 57 anos. “Também é preciso ser forte mentalmente. Se o nosso companheiro de equipa vence e lidera o Campeonato do Mundo, pode-se facilmente ficar triste ou desanimado. Mas ainda é preciso concentrar-se no seu trabalho, tirar o melhor proveito dele e fazer o melhor que puder até o final do ano.”

Sobre o futuro de Viñales e a propagada passagem para a Aprilia, onde vai ganhar muito menos, e ter uma moto que nunca terminou entre os 5 primeiros desde 2015, Kevin Schwantz manifesta-se surpreendido.

“Não faço ideia porque o Maverick arriscaria e aceitaria algo assim … Ele deve ter ficado muito, muito infeliz com a Yamaha. Aleix Espargaró afirma sempre que a Aprilia está muito perto do topo, mas depois cruza a linha de chegada em oitavo lugar. Portanto, ainda não está tão perto das motos vencedoras.”

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Ricardo Ferreira
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