MotoGP, 2021: As verdadeiras razões do cancelamento de Brno

Por a 11 Dezembro 2020 14:00

Durante anos, a realização do GP da Checa foi posta em risco por demoras no pagamento das taxas devidas à Dorna, que finalmente perdeu a paciência

“Quando Karel Abraham foi afastado da equipa Avintia, o seu pai perdeu o interesse na MotoGP.”

Tantas vezes vai o cântaro à fonte…  Finalmente a Dorna roeu a corda ao GP da República Checa em Brno, e por boas razões.

Aparentemente, o promotor Espanhol do Campeonato do Mundo concedeu facilidades aos checos durante anos, protelando pagamento dos direitos.

Mas à medida que surgiam cada vez mais pistas de corrida em todo o mundo que imploravam por contratos de MotoGP, o contrato do Grande Prémio da República Checa parecia cada vez mais frágil, além de que as infraestruturas do Automotodrom de Brno estavam a degradar-se de ano para ano.

O dono da pista, Karel Abraham Sénior, afirmou repetidamente que não podia fazer lucro, mesmo com 150.000 ou 200.000 espetadores no fim de semana do GP.

Então, há cerca de seis anos, uma empresa recém-fundada, a Spolek Grande Prémio assumiu a realização do Grande Prémio e o risco financeiro.

Os acionistas desta empresa são a cidade de Brno, a região da Morávia do Sul e o governo estadual em Praga.

Todos os anos havia uma disputa entre os acionistas, devido às mudanças de políticos envolvidos que pertenciam a diferentes partidos, e houve negociações separadas com a Dorna, mas as taxas do GP nunca foram pagas a tempo, aumentando todos os anos a incerteza sobre o futuro do GP.

Karel Abraham alugou a pista de corrida à Spolek por uma semana nos últimos anos, por um preço reputado de 1,1 a 1,3 milhões de euros por evento. Pouco tem sido investido em infra-estruturas como o fornecimento de energia, a drenagem, a linha de chegada, gabinete de imprensa, ou nas instalações sanitárias. Além disso, o parque de estacionamento das equipas não é asfaltado e fica enlameado se chover.

Mais recentemente, Abraham quis mesmo obter financiamento das entidades públicas para uma nova superfície de asfalto a um custo de 1,1 milhões de euros.

Foi então que a Spolek se recusou e o contrato de cinco anos não foi renovado. Em 2021, não haverá GP em Brno, mesmo que o traçado seja incontestavelmente um favorito de muitos pilotos e público e este evento seja um ponto fixo no calendário desde 1987.

Os checos estão agora a pagar pelos seus anos de negligência, sem reconhecer os sinais dos tempos.

Agora, Brno tem nova concorrência em pistas como Aragón, Las Termas, Texas, Buriram, KymiRing e Portimão. Outras partes interessadas, como Mandalika (Indonésia), Igora Drive (São Petersburgo), Circuito Sokol (Cazaquistão), Rio e assim por diante estão na lista de espera.

Karel Abraham nunca comercializou profissionalmente o seu evento e apresenta-se como uma vítima da política e dos media.

Como o filho Karel Abraham foi afastado da equipa Avintia há um ano devido à falta de sucesso e substituído por Zarco, o seu pai perdeu o interesse na MotoGP, e um GP em Brno já não é atrativo para ele.

Os jornalistas também relataram durante anos que o promotor de Brno tinha beneficiado de um preço especial da Dorna, enquanto outros países europeus pagavam taxas muito mais elevadas. No entanto, o aumento dos preços pode também ter a ver com uma concorrência global adicional.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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