MotoGP, 2021: As marcas em 2021, 5: A Ducati

Por a 4 Março 2021 18:00

Temível na sua aceleração e velocidade de ponta, a Ducati sofreu ao não se adaptar bem ao pneu traseiro o ano passado… será que isso vai mudar em 2021?

A Ducati não podia competir a meio de curva com as trajetórias suaves e mais rápidas das Suzuki

Considerando o número de vezes que foi vice campeã, parece quase impossível, ou pelo menos um bocado estranho, que a Ducati esteja na cauda desta avaliação das marcas mas a verdade é que os resultados de 2020 foram modestos, apenas uma vitória por cada um dos pilotos da fábrica Dovizioso e Petrucci e nenhuma pelas equipas satélite, embora a marca de Bolonha fosse a única com seis motos em campo.

E tudo isto foi devido a uma razão simples e bem identificada: a incapacidade de Dovizioso de lidar com o novo Michelin traseiro.

O único piloto das Desmosedici que não acusou problemas particulares foi o na altura recém-recrutado Johann Zarco, que sem referência anterior para o comportamento da Ducati antes do novo slick, baixou a cabeça e aplicou-se como sempre faz a tirar o máximo da moto e foi recompensado com um pódio em Brno que marcou o ponto alto da sua campanha na manifestamente menos competitiva moto de 2019 da Avintia.

Entretanto, problemas com a colocação da potência no chão e velocidade em curva impediram Dovizioso todo o ano de fazer o que ele fazia melhor, atacar na fase final das corridas e pressionar para a vitória.

Depois de 2019, o inimigo era outro: em vez da Honda, contra a qual a Ducati tinha manifestamente uma vantagem de velocidade e de saída em aceleração, os novos adversários eram a Suzuki e a Yamaha, mais ágeis e rápidas a entrar em curva e estáveis em inclinação máxima.

A Ducati não podia competir a meio de curva com as trajetórias suaves e mais rápidas das Suzuki e depois, com o continuado problema de aderência, a temível aceleração não estava lá para triangular a curva e os passar a seguir à saída e estava tudo estragado.

Mesmo assim, quer Bagnaia, com o seu único pódio, quer Miller com os seus 4, acabando muito forte com dois segundos nas corridas finais, defenderam a honra da marca em termos das equipas satélite.

Agora, com o salto de ambos para a equipa oficial de marca é de crer que, com acesso à moto de fábrica atualizada, ambos possam melhorar este ano.

Pelo menos, a capacidade dos pilotos não está em causa, mas com a constante procura de pequenas melhorias, a equipa técnica tem de exercer caução em providenciar uma moto que não está em constante mudança a pilotos que precisam, antes de mais, de desenvolver a sensação a bordo antes de tentarem variar.

Apesar da proibição de desenvolvimento motor, restam muitas coisas a fazer na eletrónica, aerodinâmica, aproveitamento dos escapes, com mudanças ao diâmetro, comprimento e restritores da marmita, flexão do quadro e dimensões críticas do braço oscilante, entre outras.

Perante tantas hipóteses, resta saber se as tão proclamadas melhorias de Gigi Dall’Igna na ciclística e aerodinâmica são um passo em frente ou não em 2021!

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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