MotoGP, 2021: As marcas em 2021, 2: A Suzuki
O nosso ranking especulativo das marcas em luta pelo título este ano continua com a máquina campeã, a Suzuki GSX-RR
A GSX-RR pode bem não ter superioridade de desempenho absoluta, mas a sua ampla gama de utilização, o seu caráter equilibrado e amigável para os pilotos e o foco da equipa em todos os detalhes permitiu-lhe andar no limite praticamente todos os fins de semana e levar o título de pilotos e equipas.
A consistência de Mir somou 7 pódios em 2020, e mais quatro do colega e rival Rins tornou a GSX-RR numa visitante frequente ao pódio.
A suavidade da GSX-RR também ajuda a moto a poupar os pneus, o quer por sua vez permite atacar nos estágios finais da corrida, quando os rivais já estão a encontrar problemas.
Frequentemente o ano passado, Mir e Rins eram os únicos pilotos no top-10 a correr com um pneu da frente médio em vez dos duros. Isto deu-lhes uma vantagem significativa, porque os pneus mais macios dão melhor feedback e, portanto, mais aviso de desastre iminente.
Isto faz com que os pilotos possam sentir exatamente o que se passa entre o pneu e a pista, o que lhes dá a confiança para puxarem a moto até ao limite.
A sensação extra que a Suzuki GSX-RR dá também permite aos seus pilotos serem mais precisos, o que ajuda a explicar a consistência impressionante de Mir, quer em resultados, quer em tempos, raramente variando mais de 3 décimas por volta!
Não é fácil atribuir qualquer uma destas características da Suzuki a qualquer aspeto particular do design da GSX-RR. Com um orçamento mais reduzido que outros e vindo bem detrás no seu regresso à classe rainha, desde o início do projeto GSX-RR, a moto foi projetada para ser bem arredondada.
A Suzuki sabia a utilidade disso depois do seu erro na anterior versão V4, pontuda e difícil de guiar, por isso desta os homens da Hamamatsu apontaram a uma moto versátil, em vez de uma arma que é super forte nalgumas áreas e menos em outras.
A palavra mais importante aqui é compromisso, porque no mais alto nível do MotoGP é quase impossível melhorar uma moto numa área sem a piorar noutra. Por isso, o diretor técnico da Suzuki, Ken Kawauchi, e os seus engenheiros tornaram a GSX-RR de MotoGP a rainha do compromisso, equilibrando cuidadosamente cada área de desempenho.
Outros pilotos comentam como as GSX-RR entram em curva a velocidades e inclinações impossíveis de seguir. A Suzuki passa por ser, juntamente com a Yamaha, a marca com mais velocidade em curva. Só que à Yamaha, depois, falta a tal suavidade nos pneus para converter essa velocidade em aceleração limpa.
De 2019 para 2020, a moto apareceu com um Akrapovic de duas saídas, uma forma fácil de variar o ponto no regime motor a que a potência se situa, e ainda por cima fácil de variar de pista em pista conforme a necessidade.
O único problema da Suzuki era em competição próxima com outras marcas, como a Ducati, que curvam mais lentamente mas depois fogem com a temível aceleração à saída.
Cientes das suas áreas fortes, a Suzuki está numa forte posição: É sempre fácil melhorar coisas 1 ou 2 por cento em todos os aspetos, e menos perigoso do que mudar radicalmente uma área, com o inevitável efeito negativo que isso poderá ter noutras…
Tempo em pista é o nome do jogo, e como será uma comodidade preciosa em 2021, a Suzuki vai provavelmente jogar com não mexer na equipa que ganhou… literalmente! Claro que a equipa ainda não foi apresentada, pela que a moto de 2021 pode ainda revelar alguma surpresa…