MotoGP, 2020, Valência: Mir, de rookie a Campeão Mundial
Traçamos a história do novo Campeão, de rookie nas Moto3 a vencedor categórico na Classe Rainha em apenas 5 anos
Joan Mir Mayrata nasceu em Palma de Maiorca a 1 de Setembro de 1997, o que quer dizer que tem 23 anos recém-cumpridos.
O pai tem uma loja de skates em Palma e essa foi a primeira paixão de Mir, fazendo com que, pelos atuais cânones da MotoGP, começasse a andar de moto tarde, aos 10 anos.
Inscreveu-se na escola de pilotagem do pai de Lorenzo, Chicho, só para se divertir, mas o seu óbvio talento viu-o já na Cuña de Campeones no ano seguinte.
Após ter sido apresentado a Alberto Puig, Mir progrediu para o habitual percurso na Copa Red Bull Rookies, onde após duas épocas entre 2013 e 2014 e 3 vitórias e 6 pódios, acabou vice para Jorge Martin.
Seguiu-se o CEV Repsol, onde venceu 4 das primeiras 6 corridas.
Nas Moto3, Mir teve a sorte de começar com a credenciada Leopard Racing. Após vencer o título mundial com o britânico Danny Kent na Honda, no ano seguinte, 2016, a equipa iniciou uma nova formação de 3 pilotos, mas agora em motos KTM: a temporada revelou Joan Mir como Rookie do Ano, ironicamente tendo como colega de equipa um tal Fabio Quartararo, e a seguir, em 2017, o maiorquino não traiu as expectativas e, novamente aos comandos de uma máquina Honda, dominou literalmente a temporada da primeira à última corrida, quebrando recordes nos circuitos e na categoria em geral e atingindo o objectivo do título mundial após 11 vitórias, apesar do seu 1,80m não o tornar ideal para a classe.
Humilde e realista, Mir passa de bom grado ao lado do glamour da MotoGP pelo sossego da sua casa de Andorra, que partilha com a namorada Alejandra e os seus 3 cães.
Mir é um dos poucos que se pode gabar de ter saltado para a MotoGP quase directamente, após um curto ano em Moto2, em que, apesar de fazer 4 pódios na Kalex da Marc VDS, apenas acabou 6º no final do ano.
Tem de se dar o crédito a Davide Brivio da Suzuki que viu qualquer coisa no jovem de 21 anos e o chamou à MotoGP, comprando o seu contrato de mais 2 anos com a formação do milionário Belga, no que na altura foi considerada uma contratação de risco, ou pelo menos uma incógnita.
Uma época de estreia em cheio provou o gestor correto, pois até se lesionar em treinos privados após a corrida de Brno, Mir já tinha acabado 4 vezes no Top 10, com um melhor resultado de 6º na Catalunha, nada mau para um rookie numa altura em que, lembremos, a Suzuki só tinha ganho 1 corrida com Rins, e mesmo assim quando Márquez caiu na América.
No final da época, finalmente livre da lesão mas ainda combalido, Mir mostrou um novo à-vontade na GSX-RR, temperado com uma nova maturidade que o viu marcar apenas 2 pontos menos que o colega Rins, bem mais experiente.
Essa nova capacidade foi transferida em cheio para 2020, onde o ex-rookie fizera tudo menos vencer até ao recente Grande Prémio da Europa, mas exibiu uma consistência arrasadora, marcando mais pódios, com 7, que qualquer outro piloto, com Rins em 5, Espargaró 4, Quartararo e Viñales, 3 e Dovi apenas 2…
Quando a discussão já se centrava na hipótese de um Campeão sem vitórias ser, ou não, um digno Campeão, Mir anulou a discussão vencendo… e, de repente, a sua vantagem pontual era avassaladora e o título que nunca tinha sido a sua prioridade, parecia muito perto!