MotoGP, 2020, San Marino: A Ducati fez bem de desistir de Dovizioso?

Por a 8 Setembro 2020 14:30

Uma equipa não deveria rejeitar um piloto de topo até que um sucessor melhor esteja disponível.

Quando a temporada de MotoGP recomeçou a 19 de Julho, a Ducati tinha apenas um dos cinco pilotos de MotoGP sob contrato para 2021: Jack Miller (25), que se juntará à equipa de fábrica em vez de Petrucci. Depois da forte prestação de Bagnaia no GP da Andaluzia, o contrato com o indubitavelmente talentoso campeão do mundo de Moto2 de 2018 também foi prolongado desde então.

Mas o diretor desportivo da Ducati, Paolo Ciabatti, disse na altura que só seria decidido mais tarde para que equipa Bagnaia iria pilotar. Ou continua na Pramac ou possivelmente na equipa de fábrica, porque a relação com Dovizioso já era considerada irreparável.

Mas Dovi já ouviu comentários depreciativos suficientes da administração da Ducati desde o inverno, e no primeiro sábado em Spielberg anunciou a sua rescisão no final do ano.

Após oito anos, o tricampeão e atual vice-campeão do Mundo prefere desistir do que continuar a lutar com os arrogantes defensores da continuidade da Ducati. Sim, talvez Dovi não esteja bem ao nível de Viñales, Rossi, Lorenzo e outros colegas, para não mencionar Marc Márquez.

E o caso da Ducati está aberto a dúvidas. Jack Miller estabeleceu-se na marca, mas nunca esteve sob a pressão de um candidato ao título, exceto no Campeonato do Mundo de Moto3 de 2014, onde Alex Márquez lhe arrebatou o título.

Pecco Bagnaia (23) tem um quarto lugar em Phillip Island como o melhor resultado de MotoGP até agora. Jorge Lorenzo é falado como um possível joker, mas não ganha nada há quase dois anos. Se poderá ir ao mais alto nível em 2021 é muito duvidoso.

Continuando, Johann Zarco já conquistou um 3º lugar em Brno em 2020, mas também se tornou falado por várias escapadelas no último ano e meio. Foi-lhe agora dado um novo contrato, e a equipa em que será colocado continua em aberto. Ele está à espera de um lugar ao lado de Miller, por isso a pressão para mais resultados no topo é enorme, e Bagnaia, que está ausente desde Brno devido a uma fratura na canela, é uma quantidade incerta.

Assim, é indiscutível que Dovizioso teria sido a melhor solução disponível da Ducati para um ataque ao título de 2021.

Agora, a Ducati tem alguns talentos promissores como Miller, Bagnaia e Jorge Martin (na Pramac) sob contrato e também outsiders como Lorenzo ou Zarco, parece que até Luca Marini está agora em conversações com a Ducati, mas a distibuição dos pilotos nas três equipas permanece incerta.

A KTM Red Bull mostrou em 2020 o que pode ser alcançado com a necessária sensibilidade e um talento promissor, com jovens estrelas como Brad Binder e Miguel Oliveira, depois da dispendiosa experiência falhada de 1,8 milhões de euros em 2019 com Johann Zarco.

Mas a Ducati tinha um popular e fiável candidato ao título com Dovi e rejeitou-o deliberadamente. Veremos se esta política de recursos humanos, que pode pecar por falta de visão, compensa.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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Simoncelli
Simoncelli
4 anos atrás

bom artigo é disto que gosto – análise e opinião dos especialistas!
Já agora digam lá quais são os ex-moto2 mais cotados, dos que correram com o Miguel Oliveira em Moto2

Simoncelli
Simoncelli
4 anos atrás

Já agora, concordo que a saída do Dovizioso é uma asneira!

TDNM
TDNM
4 anos atrás

Honestamente o Dovi não é o piloto que a Ducati precisa para ser campeã.
Qd a Ducati era nitidamente a melhor moto em pista, muito devido às dificuldades de Honda e Yamaha com a nova Electrónica ele não conseguiu ser campeão.
A Ducati tem um problema que é atacar pra tudo o que mexe. Ganham duas corridas e são logo contratados. Depois ficam “agarrados”.
O Lorenzo foi a melhor hipótese que tiveram de ser campeões a curto prazo, mas como sempre, na Ducati, quem não diz só bem da mota leva logo uma cruz. Eles acham que uma mota só tem que andar a direito. A Ducati usa uma espécie de antijogo para compensar a falta de capacidade em inserir a mota em curva, bem como manter a velocidade minima em curva ao nível dos restantes. As trajetórias são sempre muito mais em V e a saída em força obrigando a mota a derrapar. Compensam isso com excelente velocidade de ponta e super estabilidade a travar, mantendo-se à frente nas retas e em travagem, atrasando toda a gente dentro da curva. É tão irritante quanto parece mas… é cada um a jogar com as suas forças.
A questão é que na molhada o jogo da Ducati é superior ao jogo das restantes.
O Lorenzo com a sua forma de conduzir demonstrou que é possível pilotar aquela mota de outra forma. Uma forma de campeão, em que é possível ganhar em mais pistas. O que é que a Ducati fez? Deixou-o sair para a Honda e contrataram o Petrucci. Isto cabe na cabeça de alguém? Uma marca com tanto orçamento (talvez o maior) e não conseguem ter um piloto realmente candidato ao título.
O Miller na minha ótica não vai ser campeão pois não tem a regularidade suficiente.
É a Ducati refém daquele cavalo selvagem daquele motor e a Yamaha daquele cavalo demasiado exótico e menos de competição. Se isto fosse um concurso de beleza de motores estava no papo. 😅
Cumps.

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