MotoGP, 2020: Rossi por Uccio Salucci, 1

Por a 4 Dezembro 2020 17:00

Agora que Valentino Rossi deixou a Yamaha oficial após 15 anos, e se prepara para começar um novo capítulo da sua vida, o seu amigo e assistente pessoal Uccio Salucci falou da vida no paddock e dos altos e baixos ao longo desses anos

“Há muito tempo que o Vale não está à frente e tem que encontrar alguma sensação!”

“Noutro dia tive uma reunião com o Manzi, e quando olhei para ele lembrei-me das primeiras vezes que estive com ele, era um miúdo agora parece um homem!”

“Os miúdos crescem tão depressa, dos 14 para os 20 crescem exponencialmente e quando se está no desporto, quando se está neste mundo, tem-se mesmo que crescer depressa.”
Salucci tem agora 41 anos, e também ele cresceu neste mundo, sempre perto de Valentino Rossi apoiando-o e assistindo-o com a VR46 com Alberto Terbaldi:

“A vida das corridas, quando não corre bem, tira-te qualquer coisa, mesmo no dia-a-dia tudo se torna mais pesado. A minha cabeça está ocupada com todos os detalhes desta paixão, desde a Academia à equipa, por isso se as coisas não correm bem, fico mais nervoso, tudo fica mais difícil.

“Com a minha experiência, tento dividir-me entre as várias coisas, a minha mulher Pamela é que se preocupa quando o Vale vai mais devagar ou cai!”

“Por outro lado, eu tinha 17 anos quando começámos, metade da minha vida passei no paddock e não se pode continuar se não temos uma grande paixão!”

Aparte dos dois anos na Ducati, foram 15 anos com a Yamaha de fábrica e para o ano espera-os um novo começo, com uma equipa satélite.

“O que é que se leva? As memórias, as boas e as más. As relações humanas, muitas! Estou a levar o facto de que cheguei como um miúdo e saio com um homem, leva a minha imagem no canto da garagem, que eu chamo o meu escritório, o verdadeiro”

“Para o ano vai ser tudo diferente, todos aqueles com que dividimos os nossos êxitos e que se tornaram nossos amigos, serão os nossos oponentes…”

“Não vamos para muito longe, vamos estar só na porta ao lado, faz-me sentir estranho, mas este desporto é assim!”
“Há muitas coisas que me lembro, só as comemorações depois das corridas quando Vale ia ao pódio, depois de termos uma reunião técnica, um briefing, é um costume que todos bebemos um copo de Anima Nera, que é um licor.”
“Quando os japoneses bebem um copo, basta dois dedinhos e ficam todos vermelhos, e já não falam! Rimos muitas vezes com isso…”

“Também vou sentir falta disso, porque Anima Nera? Porque estávamos num sítio qualquer fora da Europa e tínhamos que celebrar, e era a única coisa que havia, e depois tornou-se uma tradição!”

“Há mesmo um gestor das garrafas, que é o coordenador da equipa, que anda sempre com uma e mantém garrafas no frigorífico, prontas.”

“Este ano, do lado do Valentino, houve pouco para celebrar, mas pode não ter parecido nos resultados, mas nós vimos que o Vale estava em boa forma, agora mal podemos esperar pela próxima época, e o Valentino também!”

“Para dizer a verdade, este ano também teve coisas positivas, numa altura estávamos muito fortes e rápidos, vejo-o fazer melhor em 2021, está super motivado, carregado, cheio de pica!”

“Mesmo já estes dias, ele quer começar a trabalhar, está mesmo na bola.” “Tecnicamente o que vai mudar com a equipa é que, depois de umas três corridas e do Viñales e Quartararo terem ensaiado novas soluções que a Yamaha vai trazer, nós teremos acesso também a essas soluções… Coisas pequenas a menos que haja alguma grande mudança para o ano que vem, mas na MotoGP não costuma ser assim!”

“Depois, vamos ter uma Yamaha M1 de fábrica e tentaremos fazer o nosso melhor!”

“A nossa missão é divertir-nos, lutar pelos pódios, ficar à frente, ficar nos primeiros três, nos primeiros cinco, e depois até, porque não, tentar vencer umas poucas corridas… Não pensamos no título, mas temos que estar na luta uma vez mais!”

“Há muito tempo que o Vale não está à frente e ele tem que encontrar alguma sensação, depois a partir daí, pode lutar por pódios.”

“Este ano a Yamaha esteve forte, mas é uma moto muito difícil, coisas muito complicadas, consumo de pneus, etc. “

“No entanto o Morbidelli ganhou corridas e o Quartararo também, a Yamaha apareceu e acho que a nossa também, estávamos lá, estávamos a começar a perceber o caminho certo, e quando se encontra isso tudo, o que é preciso é a oportunidade certa!”

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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