MotoGP, 2020, Portimão: Oliveira comenta

Por a 22 Novembro 2020 16:30

Miguel Oliveira protagonizou uma época que começou sólida e acabou melhor, com uma vitória de sonho no grande Prémio MEO de Portugal em Portimão

é uma das coisas com que se sonha, mas finalmente conseguir fazê-lo é espantoso!

Para o segundo ano na classe rainha do português de KTM, o próprio Miguel nunca poderia prever o sucesso que quer ele, quer a marca viriam a ter mais tarde.

Em declarações no início da época, Miguel tinha declarado que, estando no seu segundo ano na classe e na marca, iria rever em alta as suas ambições, mas que estas seriam, quando muito, atacar os lugares próximos do pódio, sabendo que a qualificação seria o seu calcanhar de Aquiles.

A época até não começou tão mal, com oitavo na primeira corrida de Jerez, a que se seguiu uma prova sem pontuar por culpa do seu colega de marca Binder, que o abalroou logo no início da corrida do Grande Prémio da Andaluzia.

Seguiu-se uma pista de que o Miguel gosta e um excelente sexto na República Checa, só para tudo terminar de novo em lágrimas com a colisão no Grande Prémio da Áustria com mais um colega de marca, desta vez Pol Espargaró. Mesmo isso não impediria Miguel na semana seguinte, no mesmo traçado de Spielberg, de conseguir uma primeira vitória oportunista sobre Miller e Espargaró, que entretidos na luta um contra o outro, acabaram por cometer um erro que possibilitou ao português ganhar pela primeira vez, e logo na casa da marca Austríaca.

Miguel projetou assim para a ribalta a Tech3, que nunca vencera em 20 anos de MotoGP e a seguir foi para San Marino, onde o melhor que conseguiu foi 11º depois duma corrida difícil, a que seguiu uma grande melhoria com os  dados adquiridos no mesmo traçado, para terminar em quinto no grande Prémio da Emilia Romagna.

Aragón seria outra corrida sem acabar para Miguel Oliveira, no entanto, nos Grandes Prémios a seguir, mais um 5º e um 6º seguiriam, quinto na primeira ronda de Valência para o grande Prémio da Europa, seguido de outro sexto embora mais rápido que o quinto, e finalmente, com quatro resultados em alta, a  época culminaria com esta vitória dominante em Portugal que deixou o Miguel Oliveira muito contente com o próprio declarou:

“Era difícil imaginar, é uma das coisas com que se sonha, mas finalmente conseguir fazê-lo é espantoso! A Áustria foi uma grande vitória, tive uma grande descarga de adrenalina porque foi uma ultrapassagem de última hora, mas esta foi acerca de gerir todos os meus sentimentos através da corrida e acreditem que foi muito muito longa, mas consegui consegui concentrar-me a tentar divertir-me o máximo possível em pista.”

“A partir da primeira volta, quando vi que tinha feito uma volta num minuto e 40 baseei nisso as minhas referências através da corrida e consegui relaxar e até aumentar um bocadinho a minha vantagem e gerir o intervalo que poderia ter no final da corrida…”

“Nas últimas 10 voltas, foi mais difícil de gerir a sensação com a moto, mas estava tudo OK, porque tinha um excelente intervalo de vantagem!”

“Nem consigo descrever a sensação de ganhar esta corrida em frente dos meus, conheço muitos no paddock que por causa desta bolha que mantemos de Covid estão há muito mais tempo que eu sem ver as famílias…”
“Esta semana fui ver a minha avó e tive que ficar na rua, e eles estavam um bocadinho emocionais, eles choraram, eu chorei, não é uma fase bonita que estamos a atravessar, mas é a realidade, e temos que nos adaptar a ela!”

“Finalmente poder estar aqui com eles, e partilhar estas emoções com eles, foi de facto o ponto alto desta vitória!”

“Como somatório da época, acho que aparte as três corridas que não acabei, foi uma época OK, embora tenha sentido que um par de vezes podia ter feito um bocadinho melhor e melhorar mais uma ou duas posições ao fim da corrida, mas temos que estar contentes, porque aprendemos muito, e isto é a coisa mais valiosa que levamos para a época de 2021!”

“Se queremos lutar pelo campeonato, este passo para a equipa de fábrica era o que tínhamos que dar, a equipa de fábrica tem mais recursos, mais gente a trabalhar para a equipa, mais ferramentas, e é isso que eu preciso, de uma ajuda para tentar fazer um ataque o Campeonato!”

Miguel acabou por ultrapassar Nakagami para 9º no Campeonato, incrivelmente ficando apenas a 10 pontos do 4º lugar!

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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