MotoGP, 2020, Portimão: Dovizioso e Crutchlow, a despedida em Portimão

Por a 20 Novembro 2020 14:25

Cal Crutchlow enfrenta em Portimão a sua última corrida com a LCR Honda, antes de passar a piloto de testes da Yamaha. Andrea Dovizioso, também vai deixar o MotoGP depois de muitas temporadas com a Ducati, duas despedidas sobre as quais ambos os pilotos falaram na conferência de imprensa no Autódromo Internacional do Algarve.  

“Corri com os nomes mais importantes deste desporto”, disse o britânico Crutchlow que, sem dúvida, será um dos pilotos que mais se sentirá falta dentro do paddock, não só pelas suas capacidades, mas também pela sua ironia permanente.

CRUTCHLOW: “Ganhei aqui o título de Supersport, Portimão é um belo circuito e o melhor para fazer a última corrida”

Na conferência de imprensa em Portimão, no que será o último GP desta temporada, o piloto da LCR Honda não poupou piadas e risos como sempre, mas também fez uma análise à sua carreira: “Este é o melhor circuito para fazer a minha última corrida”. Cal Crutchlow, é talvez um dos pilotos mais conhecedores da pista portuguesa porque, onde inclusive conseguiu um título. “Sinto-me bem, feliz e satisfeito por chegar a um circuito tão belo. Ganhei aqui o título de Supersport e também consegui bons resultados em Superbike. É bom saber que faço aqui a última corrida”.

Para ele, como para Andrea Dovizioso, a conferência de imprensa foi um momento para recordar os seus anos no MotoGP. E de todos os pilotos, Jack Miller é um dos que sentirá mais a sua falta, tecendo elogios ao seu amigo britânico: “Obrigado Cal por tudo o que fizeste dentro e fora da pista”, disse o australiano. “Foste um dos maiores trabalhadores do paddock e tinhas pessoas que duvidavam de ti, mas provaste que estavam erradas, por isso vamos sentir muito a tua falta”.

Olhando para trás na sua carreira, Crutchlow disse ter tido “o privilégio de trabalhar com grandes equipas e grandes motos durante dez anos”. “Há dez anos atrás”, acrescenta, “pensava que não podia fazer o que fiz. Nunca deixei uma box onde não me desse bem com todos, agora é bom fechar o ciclo. De todas as minha vitórias, a mais bela foi a de Brno em 2016”.

Todo o paddock, portanto, vai sentir falta de Cal, especialmente pela sua espontaneidade: “Não tenho arrependimentos – concluiu – sinto que não deixei nada para trás, sempre dei o melhor e não me arrependo nem mesmo do que disse, sou sempre sincero. O que diria aos novos pilotos que chegam ao MotoGP? Eu poderia dizer algo diferente a cada um deles, por isso deixo ao Jack (Miller) a tarefa de o dizer. Penso que os outros pilotos também são sinceros, mas expressam-se de forma diferente de mim. De casa enviarei mensagens ao Jack para sugerir como o fazer”.

Finalmente, uma comparação entre o MotoGP de hoje e o MotoGP do passado: “Penso que temos sorte de estar a correr nesta era porque o MotoGP se tornou competitivo desde que houve uma mudança na electrónica. Tornou todos capazes de competir a um nível semelhante, agora todos têm motos oficiais”.

DOVIZIOSO: “Corremos contra Marc Marquez e a Honda e foi difícil vencê-los. O objetivo é fazer uma boa corrida em Portimão”

O italiano Andrea Dovizioso refez na conferência de imprensa os melhores anos que passou a conduzir a Desmosedici, falou das batalhas que travou com Marc Marquez e de amigos que não esquecerá. Para ele também, a corrida de Portimão será a última corrida, Em 2021, muito provavelmente não voltaremos a ver Dovizioso, isto porque decidiu tirar um ano sabático, fora das corridas, e idade não lhe facilita o regresso às corrida.

Este domingo será a sua última oportunidade de tirar algumas pedras do sapato: “O objectivo é, principalmente, fazer uma boa corrida”, disse na conferência de imprensa. “Queremos terminar com um bom resultado, além de que ainda estamos a lutar por boas posições no campeonato”.

“Vou sentir muito a falta da minha equipa. Conhecemo-nos bem, a nossa relação tem melhorado ano após ano, dando passos importantes em conjunto”.

Na avenida das memórias, perguntaram também a Dovi qual seria a vitória que nunca vai esquecer, e também o seu maior arrependimento: “É difícil responder e apontar uma – explicou – porque houve tantas batalhas boas até à última corrida. A última grande emoção foi no ano passado na Áustria, foi um momento importante que sofremos e todos esperavam que eu ganhasse. Marc Marquez foi mais rápido do que nós. Quando se ganha na última curva a adrenalina sobe como uma loucura, foi uma grande emoção, sobretudo quando há amigos na pista a observar-nos”.

O arrependimento? “Toda a gente pode fazer melhor do que aquilo que fez. É impossível fazer tudo na perfeição. Já corro há muito tempo, por isso são poucos, não saberia como escolher um”.

Entre as muitas perguntas feitas ao piloto da Ducati, uma das mais esperadas, um possivel  regresso às pistas após um ano sabático? “Ficaria feliz de qualquer forma, até porque penso que o que fiz, especialmente nos últimos anos, apesar de não termos conseguido ganhar o título, foi importante. Quando penso nos últimos três anos, não sinto que tenhamos perdido o título, viemos de longe e nesses três anos fizemos algo especial. Fomos contra Marquez e a Honda e foi difícil vencê-los. Penso que fizemos progressos importantes e estou feliz neste momento. Quero acreditar no futuro”.

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Ricardo Ferreira
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