MotoGP, 2020: Mais corridas, menos dias?
O calendário de MotoGP atinge um recorde de 20 corridas na próxima temporada, com a estreia do circuito finlandês de KymiRing.
O Campeonato está a crescer, e não vai parar por aí. Seguindo o modelo da F1 de mais corridas, o calendário de MotoGP poderá chegar a 22 GPs nos próximos anos.
Futuros acordos provisórios já foram anunciados com a Indonésia, Brasil, Hungria e Portugal para 2021-2022, e há interesse até do Vietname.
Até agora, adicionar eventos extra foi parcialmente compensado reduzindo os testes de inverno, com Valencia e o Qatar removidos da temporada de 2021.
Isso deixa apenas dois testes oficiais (Jerez e Sepang) entre o final da temporada 2020 e a corrida de abertura de 2021, o que significa que qualquer economia adicional de tempo terá que vir de outro lugar.
“É claro que 22 corridas se teria tornado bastante difícil”, disse Davide Brivio, manager da Suzuki, a propósito da ideia.
“Quando se falou de realizar 20 corridas no próximo ano, começámos a discutir entre as equipas para tentar fazer algo para compensar”.
“Cancelar um teste e introduzir uma corrida não é a mesma coisa, mas pelo menos estamos a tentar reduzir o excesso de pressão”.
“Eu penso que 22 corridas serão bastante exigentes para todos, como se pode imaginar. Mas a tendência é essa, a Fórmula 1 alcançou 22 [para 2020] e já estão a falar de 25”.
Com os testes reduzidos, uma nova ideia é comprimir o programa da corridas de três dias para dois.
“Acho que isso pode ser uma maneira. Pessoalmente, eu consideraria e avaliaria a hipótese. Não sei se é possível ou não, mas acho que é algo em que podemos pensar”, disse Brivio.
“Passemos para 22 corridas, mas talvez comprimindo a programação para sábado e domingo. Temos que encontrar uma solução.”
O italiano reconheceu que a solicitação para muitas corridas é um problema bom de ter.
“Felizmente, o MotoGP está-se tornando cada vez mais popular. Há muitos pedidos de corridas, o que é positivo. Podemos ir explorar em mais países. Este é um momento positivo para todos, desse ponto de vista, e vamos tentar encontrar o melhor compromisso”.
Tendo comentado com algum humor “mudei da Fórmula 1 para fazer menos corridas!” o novo CEO da Aprilia Racing, Massimo Rivola, também disse que “entende totalmente a visão de Carmelo [Ezpeleta] de ter mais corridas e menos testes. É bom para o nosso desporto”.
Mas, tal como Brivio, o ex-diretor desportivo da Ferrari na F1 deseja explorar a possibilidade de um fim-de-semana de corrida de dois dias.
“A ideia de um fim-de-semana de corrida de dois dias não é tão má. Na verdade, propus isso há dez anos na F1, mas na altura foi categoricamente recusado.”
O conceito teria de ser aperfeiçoado, pois com as 4 classes atuais, se contarmos as MotoE nalguns circuitos, não há simplesmente horas de dia suficientes para acomodar tudo em dois dias, a menos que a duração de cada sessão fosse reduzida.
“Estou preocupado apenas com o facto de os pilotos mais jovens precisarem de tempo em pista, mas talvez com um formato diferente possamos pensar nisso”, disse Rivola.
“Ter Moto3, Moto2 e MotoGP no mesmo fim-de-semana de corrida é lindo e pode realmente ver-se o futuro. Isso é algo que não devemos a perder. Acho que é a chave do nosso desporto, ver a próxima geração a evoluir durante o fim-de-semana de corrida.
“Mas [o fim de semana de corrida de dois dias é] um ponto muito válido e começaremos a discutir as possibilidades internamente”.
Quando a MotoGP passou das 500cc para as quatro tempos em 2002, o fim-de-semana de corrida da classe rainha consistia num treino livre e uma sessão de qualificação na Sexta e no Sábado, seguidos de Warm up e corrida no Domingo.
Em 2005, o treino da tarde de sexta-feira foi alterado de Qualificação 1 para Treino Livre 2, mas a contagem geral de seis sessões em pista permaneceu inalterada.
No entanto, para 2009, após a crise financeira, o treino da manhã de sexta-feira foi abandonado. Isso deixou cinco sessões de MotoGP (dois treinos livres, qualificação, Warm up e corrida) – com todos os treinos no Sábado e Domingo exceto os livres na Sexta.
Os treinos de Sexta-feira de manhã foram restabelecidos em 2011, com a qualificação dividida em Treino Livre 4, Qualificação 1 e Qualificação 2 a partir de 2013.
Um piloto que não se importa se houver menos testes é Aleix Espargaró:
“Cada piloto tem a sua própria opinião. Eu pessoalmente, odeio testar!” disse Espargaró. “Para mim, estamos aqui para correr.”
“Entendo que precisamos de testar e temos de o fazer, mas eu prefiro fazer corridas e sinceramente o teste em Valencia, com as baixas temperaturas e uma moto que via mudar fundamentalmente até ao Qatar, muitas vezes não faz sentido.”
“Por isso acho que é bom, o novo calendário que a Dorna propôs. Cabe dizer que nos preguntam sempre na Comissão de Segurança, logo não é nada de novo ou algo que eles tenham decidido de um dia para o outro.”
“Há um par de anos que se está a falar disso e estou mais do que satisfeito com a ideia”.