MotoGP, 2020, Le Mans: Vantagem Quartararo ou Mir?
De volta às vitórias para um, o terceiro pódio consecutivo para o outro. Os dois primeiros do Campeonato rumam a França com apenas oito pontos de diferença entre si.
Se a campanha de 2020 nos ensinou alguma coisa, é a atirar as previsões pela janela, mas é provavelmente seguro dizer que os dois principais protagonistas do MotoGP quando nos dirigimos às últimas seis corridas da temporada são Fabio Quartararo da Yamaha Petronas SRT e Joan Mir da Suzuki Ecstar.
É fácil dizer isso, é claro: afinal, eles são agora, depois do Gran Premi Monster Energy de Catalunya, os dois primeiros classificados do Campeonato do Mundo, mas a coisa vai mais fundo do que isso.
Quartararo é o único piloto a vencer mais do que uma vez em 2020, tendo agora três vitórias em seu nome, ao recuperar para o topo da caça ao título após uma lição de pilotagem magistral em Barcelona.
Mir ainda não venceu uma corrida, mas está numa série de três pódios consecutivos e é o primeiro piloto da Suzuki a fazê-lo desde Kenny Roberts Jr em 2000, em quatro nas suas últimas cinco corridas.
Com Andrea Dovizioso (Ducati Team) a lutar para encontrar um bocadinho de forma desde a sua vitória no GP da Áustria e a vitória de Maverick Viñales (Yamaha Monster Energy) no domingo seguinte, vendo-o terminar 1º numa semana e 9º na seguinte, El Diablo e Mir são os únicos que mostram verdadeiros sinais de forma na caça ao título.
Oito pontos separam o francês e o espanhol rumo à corrida em casa de Quartararo no lendário circuito de Le Mans, com Viñales e Dovizioso 18 e 24 pontos abaixo, respetivamente.
Quando as coisas se encaixam, Quartararo é praticamente imparável. As suas duas vitórias em Jerez foram dominantes, e pode-se argumentar que o GP da Catalunha também foi. Não na mesma medida, mas o Francês passou por Jack Miller (Ducati Pramac), Valentino Rossi (Yamaha Monster Energy) e o colega de equipa Franco Morbidelli, a caminho da vitória. Os três cometeram erros na corrida, enquanto Quartararo não pôs um pé em ramo verde.
Dizemos praticamente imparável, porque o ritmo de corrida de Mir e da Suzuki é simplesmente impressionante. Se o GP da Catalunha fosse mais longo, poderia fazer-se um argumento muito forte de que Mir iriai arrebatar a vitória a Quartararo, mas isso são “ses” e “talvezes”.
As últimas três posições iniciais de Mir na grelha do MotoGP foram 8º, 11º, 8º, 8º, e mesmo assim chegou ao pódio nas três ocasiões. Temos de pensar que se a Suzuki encontrar um décimo ou dois numa volta voadora na qualificação, as vitórias nas corridas vão chegar forte e feio.
Tanto Quartararo como Mir são os mais fortes após a primeira de três corridas duplas. Esta vitória para Quartararo foi “o melhor momento da sua vida”, um enorme peso levantado dos ombros depois de uma dura série de provas sem pódios.
A confiança vai agora fluir-lhe nas veias novamente rumo ao seu território de casa (embora ele seja de Nice, no Sul, muito mais perto do Paul Ricard, que não recebe o Mundial), mas ele saberá que Mir voltará a ser uma ameaça.
Este último também terá confiança em abundância, sabendo que está numa luta pelo Campeonato de MotoGP com as armas da Suzuki: suavidade que conserva os pneus e velocidade em curva imbatível.
Dois dos jovens de maior talento na MotoGP estão em alta em 2020, deixando para trás os seus congéneres mais experientes. Mas estamos em 2020, e isto é o MotoGP. A sorte pode mudar num piscar de olhos. No entanto, neste momento, Quartararo contra Mir é uma batalha que faz os sentidos fervilhar, e é uma luta que parece estar pronta para ir até ao fim em Portimão…