Moto3, 2020, Europa: IRTA agora multa por expressar uma opinião?
Parece excessivo, mas a Associação das Equipas multou o ex-piloto Gino Borsoi por comentar sobre a eventual legalidade duma equipa rival
A Associação de Equipas IRTA, originalmente criada há anos por Mike Trimby para proteger os interesses das equipas em prol da segurança contra promotores pouco escrupulosos, virou agora o bico ao prego e atua praticamente como uma polícia do paddock, decidindo onde as equipas podem estacionar, que roupas não podem usar, e outras coisas que parecem ingestão excessiva e prepotente.
A coisa começou em nome do profissionalismo e da imagem do Campeonato e filtra, inevitavelmente, para baixo, da mais prepotente ainda Formula 1.
Poucos fãs saberão que, antes da cada Grande Prémio, depois de serem escrupulosamente alinhados à régua no “paddock”, os camiões TIR das equipas, que são obrigados a usar a marca de pneus do patrocinador, são levantados em macacos um a um, para alinhar a marca do pneu horizontalmente rodando-o antes de o pousar novamente na posição “certa”.
A Moto GP tem vindo a copiar estes exageros, e agora, pelos vistos, a coisa escalou, a organização censurando até, a julgar por um incidente recente, o que pilotos ou membros de equipas dizem.
O último caso é o de Gino Borsoi, Manager da equipa de Moto3 Aspar, que foi multado por se pronunciar numa afirmação verbal contra uma eventual legalidade das Honda da Equipa Leopard.
É verdade que as motos da Leopard sempre foram mais rápidas que as outras, às vezes de uma forma tão evidente que se tornava suspeito.
Basta recordar os duelos de Danny Kent contra a KTM de Miguel Oliveira há umas época atrás, em que a KTM passava em travagem e a Honda se ia embora 30 metros nas retas, parecendo uma 1000 a lutar contra uma 600.
Nada pode impedir uma equipa de apresentar uma queixa oficial por escrito, pagando e fazendo com que as motos sejam investigadas pela verificação técnica, mas não foi isso que aconteceu.
Borsoi, um antigo piloto do mundial de 125 nos anos 90, foi multado simplesmente por expressar a sua opinião, sem que houvesse uma queixa formal posta por escrito, e quando muito, devia ter levado um aviso informal, ou a equipa ofendida devia ter então feito uma contra-queixa por difamação.
Por outro lado, a FIM, que seria a suprema autoridade num caso destes, não achou por bem tomar qualquer acção, e com outros casos que ocasionalmente vêm à luz no paddock, a IRTA parece cada vez mais uma polícia de costumes, aplicando uma censura subjetiva, que nunca foi a sua razão de existir, nem a faz parecer justa ou isenta, atuando prepotentemente sem achar que tem que se justificar perante seja quem for. Até quando?