Moto2, Tony Arbolino: “Dormi durante um ano no sofá, mas cresci muito”

Por a 24 Julho 2022 12:08

A vida de um piloto, vai muito mais para além da luta pelas pole-position ou do seu desempenho nas corridas. Cada um tem uma história própria, existe um lado humano que muitas vezes nos passa ao lado. Vamos então conhecer Tony Arbolino, o italiano contratado pela Marc VDS para este ano e que ocupa o quinto lugar no campeonato do mundo de Moto2.

Tony Arbolino tem 21 anos, é natural de Garbagnate Milanese, Itália e iniciou a sua carreira em 2017 no GP do Qatar, na categoria de Moto3. Em 2019 Arbolino conquistou vitórias em Itália e na Holanda, somou cinco pódios e uma série de Top 6, terminando em quarto na classificação. 2020 começou com tudo, com Arbolino a garantir o terceiro lugar no GP da Espanha, enquanto três segundos lugares ajudaram a manter vivas as suas esperanças para o título. A vitória finalmente veio em Valência, para seu deleite, com o quinto lugar no GP de Portugal fazendo com que terminasse a sua carreira na Moto3 como vice-campeão.

Em 2021 Arbolino passou para a classe intermédia com a Liqui Moly IntactGP, onde lutou para encontrar consistência. Quatro resultados entre os dez primeiros, incluindo um melhor quarto em Le Mans, renderam-lhe a mudança para Marc VDS em 2022. Consistente nos resultados – em 11 provas Arbolino apenas não pontuou no GP de Portugal – o italiano venceu o GP das Américas e foi terceiro em Jerez.

Sendo dos poucos italianos que não tiveram como ‘escola’ a Academia VR46 – como Enea Bastianini – Tony Arbolino teve duas pessoas que foram cruciais para chegar ao topo: Carlo Pernat e Jorge Lorenzo.

“Exato. Tenho uma boa relação com o Carlo e ele sempre me teve em alta estima. Então fui com o meu pai até ele e perguntei-lhe se poderia me apoiar para que eu pudesse me desenvolver, cuidando ele cuidaria de tudo ao meu redor. Só para que eu pudesse me concentrar totalmente nos meus objetivos. Isso foi particularmente importante para mim na altura, porque sentia que estava num ponto importante da minha carreira em que tinha que conseguir algo – ou não conseguiria nada…”

O começo também não foi fácil para Arbolino que gosta de praia, gosta de divertir-se à noite e ter namoradas bonitas, como qualquer jovem da sua idade… mas a entrada nos GP’s impunha outras ‘obrigações’… e dinheiro para cumprir o sonho.

“Venho de uma família muito humilde, também cresci num lugar muito humilde com os meus avós. Isso ajudou-me muito e, mesmo com a idade, sempre mantive essa atitude: prefiro levar as coisas com calma, mesmo fora da pista. Dei tudo, a minha família deu tudo, também do ponto de vista financeiro, para conseguir algo neste mundo do motociclismo. Os fins-de-semana de corrida são a minha paixão, mas também valorizo ​​os bons resultados.”

Atualmente Arbolino reside em Barcelona, perto dos circuitos e das praias que tanto adora, mas numa altura teve que mudar para Lugano (Suiça) para trabalhar com Jorge Lorenzo.

“Exatamente. Na minha pequena cidade em Itália, foi-me difícil dar mais um passo na área do treino e preparação. Foi aí que entrou o Jorge (Lorenzo), que veio ter comigo na Malásia e perguntou-me: ‘Onde moras?’ E eu respondi: ‘Em Milão.’ E ele: ‘Eu em Lugano e estou a procurar um piloto forte para treinar.’ A ideia foi ideia dele e deu-me a possibilidade de trabalhar com o seu treinador. Então arrumei as minhas coisas e fui para Lugano. Dormi num sofá – porque o apartamento era pequeno – durante um ano. No final de cada dia não andávamos em motos de corrida e faziamos muito treino físico. Nessa altura senti que dei um passo em frente com o treinador dele (Ivan Lopez), que ainda é o meu treinador agora. A minha maneira de pensar mudou um pouco desde então. Acho que foi isso que me fez uma pessoa diferente e um piloto diferente.”

“Tenho um grande respeito pelo Ivan e serei grato a ele, porque ajudou-me muito numa fase delicada da minha carreira. A minha família ainda vive em Milão. Do ponto de vista pessoal ainda sou a pessoa que sempre fui, de uma família muito humilde. Esse é o conceito que sempre carrego comigo. Em mim nada é falso, tudo é verdadeiro.” Concluiu.

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Ricardo Ferreira
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