Miguel Oliveira: Força, dedicação e persistência na estreia em MotoGP

Por a 14 Julho 2019 10:23

Nos testes ainda antes do início da temporada, o piloto apresentava resultados bastante positivos em comparação com o seu colega de equipa Hafizh Syahrin.  No entanto, é preciso ter em conta que o fabricante KTM é ainda muito recente em MotoGP. Isto, já para não falar de que a equipa satélite Tech 3 trabalhava com a Yamaha no ano passado. Com um projecto ainda bastante recente e em constante desenvolvimento, é natural que a marca não consiga disputar os primeiros lugares com a Honda de Marc Marquez como por vezes acontece com a Ducati, a Yamaha ou até a Suzuki. Há ainda muito para trabalhar e o piloto português tem mostrado ser uma grande mais-valia para o desenvolvimento deste projecto. Esse reconhecimento começou por ser feito logo antes da corrida em Jerez, quando foi anunciado que ficaria na equipa em 2020.

Porém, vamos regressar à primeira corrida do português aos comandos da sua KTM. O Grande Prémio do Qatar marcou a estreia de Miguel Oliveira na categoria rainha. Para um primeiro contacto com o ambiente de prova em MotoGP, Oliveira conseguiu uma prestação bastante sólida, partindo de 17º e terminando, exactamente, na mesma posição. As coisas começaram de uma forma menos positiva com o motor da moto a parar na grelha de partida. Este contratempo levou a que tivesse de voltar a fazer um restart do pit lane, alinhando em último. “Apesar deste pequeno percalço mantive-me calmo e fiz uma boa partida e uma excelente primeira volta. É pena que a sete/oito voltas do fim o meu pneu traseiro tenha perdido o rendimento e a partir daí não houve muito mais que pude fazer, pois o pneu estava completamente degradado. ”

Depois de não ter conseguido pontuar no Qatar, esse era um dos grandes objetivos do piloto para a Argentina. Conseguiu cumpri-lo, atingindo o melhor resultado da temporada até ao momento. Qualificou-se em 14º e terminou em 11º, somando cinco pontos. “Fizemos uma boa corrida, com um bom ritmo. No final esforcei-me para ultrapassar os irmãos Espargaro, contudo o tempo que realizava em reta não me permitiu fazê-lo, pois precisava de forçar muito a travagem para realizar uma ultrapassagem e isso era bastante complicado.” Tendo ficado a apenas uma décima da melhor KTM, os resultados de Miguel estavam à vista.

Miguel Oliveira a pressionar os irmão Espargaro durante a corrida.

Em Austin, Miguel enfrentou uma corrida complicada, partido da 18ª posição. O arranque não foi o melhor, o que acabou por dificultar o trabalho do piloto. Depois de ganhar ritmo conseguiu terminar dentro dos pontos, em 14º. “ A corrida foi boa para compreender certas coisas que ergonomicamente têm de mudar na moto para eu me sentir mais confortável e no final da corrida conseguir ter uma melhor performance do que aquela que temos agora.” Os olhos de Miguel Oliveira já estavam postos em Jerez, com o objectivo de continuar a pontuar.

No entanto, as coisas acabaram por ser muito mais complicadas do que o esperado. “Na sexta-feira notámos alguma dificuldade em conseguir andar rápido. Mesmo tendo feito alterações na geometria da moto para sermos um pouco mais rápidos e eu conseguir ter melhores sensações em cima da mesma, a corrida foi muito semelhante ao resto do fim-de-semana.” Apesar das dificuldades encontradas neste circuito, os testes no dia que se seguiu à corrida tinham como objetivo preparar a mota para os restantes circuitos europeus.

Miguel Oliveira viria a pontuar, novamente, em Le Mans, terminando a corrida em 15º, uma posição à frente daquela de onde tinha partido. No entanto, o piloto não teve o seu trabalho facilitado, devido às condições meteorológicas. “Tivemos muito tempo em condições de piso seco e portanto o setting acabou por não ser o ideal.”

Miguel Oliveira focado antes de entrar em pista no GP de França.

Oliveira vira a não conseguir pontuar em Mugello. Voltou a partir muito atrás (22º), tal como aconteceu em Jerez. O trabalho de recuperar posições foi muito mais complicado, acabando por terminar fora dos pontos, em 16º. “Uma corrida difícil. Tive muitas dificuldades na fase final da corrida, devido ao pneu traseiro e portanto não consegui atacar as posições pontuáveis, mas acabei bastante próximo de terminar nos pontos.” Apesar das dos problemas, o piloto saiu de Itália com um resultado um pouco mais próximo do primeiro classificado do que nas últimas corridas.

Depois da qualificação ter sido menos boa no circuito italiano, o piloto português queria voltar a pontuar. Para isso, teria de conseguir fazer uma melhor qualificação. Foi precisamente o que aconteceu na Catalunha pois, terminaria em 12º. “Foi uma corrida bastante dura. Sabíamos que ia ser muito difícil com estas condições e conseguimos acabar por terminar dentro dos pontos, que era o nosso principal objetivo.” O resultado poderia ter sido ainda melhor pois, Oliveira acabaria por se envolver num incidente na curva 10, onde teve de alargar muito a trajectória. Perdeu alguns lugares mas lutou ao fim e teve a sua recompensa.

O fim-de-semana em Assen viria a ser um dos mais conturbados. “Hoje tivemos uma corrida bastante disputada. Sair da vigésima posição não ajudou muito e nas primeiras voltas foi complicado realizar ultrapassagens.” Comparando com o que aconteceu em algumas corridas anteriores, o piloto conseguiu gerir melhor o desgaste do pneu traseiro, o que lhe permitiu ter um final forte. Miguel Oliveira continuava a mostrar melhorias e, apesar de ter sofrido um penalização de três lugares na grelha de partida, arrancou de cabeça erguida e terminou dentro dos pontos, em 13º.

A última corrida antes da pausa de verão terminou de forma bastante inglória.“Depois de ter feito um bom arranque e ter recuperado algumas posições. Cometi um erro na curva 3, a frente da moto fugiu e acabei por cair. A moto continuava a trabalhar, portanto levantei-a e continuei a corrida com alguns danos sobretudo na asa dianteira do lado direito.” Este problema levou a que o piloto tivesse muita instabilidade, não conseguindo ir a direito na reta, nem travar a direito.

Este fim-de-semana acabou por fazer deixar em todos uma sensação de que poderia ter surgido o melhor resultado da temporada até ao momento. Já no Warm-up o piloto tinha mostrado um ritmo muito bom, tal como aconteceu no início da corrida. Mais uma vez, de cabeça erguida, o piloto regressou à pista depois da queda, provando que tinha, de facto, ritmo para, eventualmente, terminar no Top10.

O piloto português despede-se por agora e regressa em Brno para a segunda metade da temporada.

Miguel Oliveira é um estreante na categoria e tem ainda muito espaço e tempo para evoluir. Está em 18º no campeonato, com 15 pontos e com grandes possibilidades de subir algumas posições. Para o ano estará com a mesma equipa e teremos de esperar para ver quais as melhorias mais visíveis. Porém, antes disso, o foco do piloto estará na segunda metade desta temporada, que começa na República Checa, e que terá ainda muitas histórias para contar.

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Ana Rita Nunes
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