História do Grande Prémio de Portugal
O primeiro Grande Prémio de Portugal… bem, não foi em Portugal de todo, foi em Jarama, em 1987. Uma desculpa para ter mais um Grande Prémio em Espanha, foi ganho por Jorge Martinez Aspar nas 80 que ainda corriam na altura, por Paolo Casoli nas 125, Anton Mang nas 250 e Eddie Lawson nas 500.
Mas falemos do que se passou a chamar o Grande Prémio de Portugal no Estoril. Durante 13 anos, entre 2000 e 2012, o Estoril recebeu a prova nacional do Mundial, que se tornou um porto regular do Campeonato (e muito apreciado por pilotos e equipas), sem que na altura houvesse um único português a competir a título regular. A corrida trouxe a Portugal numerosos Espanhóis que perfaziam cerca de metade dos espetadores, à medida que os portugueses se habituavam à presença do Mundial no nosso país e começavam a acorrer em maiores números.
Claro, a presença do Mundial em solo Luso também deu ensejo a vários pilotos nacionais de participar como “Wild Card”, principalmente na extinta categoria de 125cc, realizando um sonho de qualquer piloto, mais do que entretendo algumas hipóteses, na maioria das vezes, de qualificar sequer, tal era o abismo entre o andamento nacional e os mundialistas.
Nomes como João Pinto, (em 2000 e 2001) Emanuel Carvalho, Filipe Costa, Ivo Relvas, José Estrela, João Contente ou Miguel Praia participaram, estes 3 últimos com a particularidade de o terem feito na categoria intermédia das 250.
Voltando ao primeiro Grande Prémio de Portugal disputado no Estoril, Emílio Alzamora terá sempre um lugar no seu coração para o traçado português, pois após ter sido Campeão Mundial em 1999 sem vencer uma única corrida (regularidade numa classe onde ela era rara!) viria a ganhar nas 125 no Estoril no ano seguinte.
Nas 250, ganharia o saudoso Daijiro Kato, feito que repetiria no ano seguinte, dois pontos brilhantes na sua curta carreira, que terminaria em Suzuka em 2003. Mas o que muitos lembrarão ainda hoje são as espetaculares derrapagens do vencedor das 500, o Australiano Garry McCoy na Yamaha YZR500 da Red Bull… quanto mais muda…
Dizer que a organização Espanhola tinha pouca confiança na organização portuguesa nessa altura era pouco… até os serviços de recolha de lixo foram subcontratados a Espanha! Como isso viria a mudar, com a visita regular do Grande Prémio a permitir ao Motor Clube do Estoril formar uma supergeração de comissários que passaram a ser, durante várias épocas, os “bombeiros” da Dorna, assegurando não só a realização das corridas, mas também a formação dos comissários locais em países como o Qatar, a China e a Turquia nos anos subsequentes.
Já no ano seguinte, 2001, as 125 foram ganhas pelo San Marinense Manuel Poggiali e aparecia um novo nome na cena das 500, ainda por atingir o auge da fama mas já com 2 títulos mundiais na sua bagagem: Valentino Rossi, também ele a confessar uma paixão pelo traçado português. Foi também o último ano que se correu em 500, passando a classe a chamar-se MotoGP e a ser disputada com motores a 4 tempos de 990 cc de capacidade, grosso modo com a mesma potência de uma 500 da altura, cerca de 200 cavalos, mas muito mais dirigíveis.
2002 viu outro piloto esquecido, o Francês Arnaud Vincent, vencer nas 125, e um da dinastia Nieto, o sobrinho Fonsi, nas 250, com a segunda das 5 vitórias de Rossi no traçado (mais uma quase-quase em 2006, quando foi batido por Elias por 0,003 milésimas, colocando o nosso circuito na história pela vitória num Grande Prémio pela menor margem até aí).
Em 2003, o traçado entraria no coração de outro piloto, ao dar a primeira vitória, sempre um momento memorável na carreira de um piloto, a Pablo Nieto, agora manager da formação de Valentino Rossi Sky VR46 nas Moto3. A imortalidade da ocasião ficou assegurada em 2006, quando se retirou para uma carreira na gestão de equipas sem a ter repetido.
Nas 250, Toni Elias averbou a primeira de duas vitórias consecutivas no traçado, para gáudio de Cesc Vila, meu colega de comentários na torre durante uma década e vizinho de Elias na sua cidade natal de Manresa.
(continua)
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