Crónica: Valentino Rossi, o último grande ídolo global

Por a 1 Dezembro 2015 17:32

Desengane-se se pensa que este será mais um texto de Valentino Rossi contra Marc Marquez, Jorge Lorenzo e o mundo inteiro. É apenas a constatação do que pude presenciar, com os meus olhos, nas curtas horas em que pisei o Autodromo Nazionale de Monza para assistir à revelação do primeiro videojogo sobre a vida do piloto italiano.

Sexta-feira, 27 de novembro. O termómetro marca 2 °C, mas a quantidade de pessoas que acudiram ao primeiro dia do Rally de Monza rapidamente transformaram a névoa existente em ondas de calor difíceis de ignorar. O ambiente era de festa, e invariavelmente pautado por adeptos das motos vestidos com as cores de Valentino Rossi, o que por si só vem provar a sua universalidade: seja em duas ou quatro rodas, ‘The Doctor’ é um poderoso íman com uma legião de fãs sempre apta a comparecer em força para mostrar o seu apoio a uma figura que consideram como ‘um dos seus’.

Tal como tudo na vida, o mediatismo tem de ser bem gerido, não só para controlar o desgaste das figuras, mas também para evitar atos de fanatismo que acabam por ir demasiado longe no que à esfera pessoal – i.e., ‘privacidade’ – dos pilotos diz respeito. Daí não estranhar que no paddock de Monza existisse um perímetro de segurança à roda das boxes do piloto. Agora, que este tivesse entre 15 a 20 metros e ainda quatro ‘brutamontes’ a servirem de escudo é que já me pareceu francamente exagerado.

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O aparato, ainda assim, não evitou que dezenas de pessoas, ávidas por um autógrafo do seu ídolo ou simplesmente pela oportunidade de poderem vê-lo ao ‘vivo’, se reunissem naquele local, estrategicamente secundado por uma tenda da Monster (a mesma que serviria para a apresentação do jogo da Milestone), com as implicações que daí decorrem: o desfile das inesquecíveis meninas que vestem as cores da bebida energética, aprumadas com os seus fatos de cabedal justos, belos sorrisos e decotes estonteantes, enquanto atiram ao som do melhor ‘hip-hop’ e ‘metal’ t-shirts da marca para o público presente. Se chamar a atenção é uma arte, não há dúvida de que a Monster domina-a na perfeição…

‘Fast-forward’ para a apresentação do jogo. Valentino surge ligeiramente atrasado, anuncia que vai ter um jogo com o seu nome, sorri muito e seguem-se os aplausos. A aparição não durou mais do que dez minutos, mas todos sentem-se de certa forma ‘honrados’ pela presença da estrela italiana. Não só os ilustres convidados (vice-presidente da Milestone e da Dorna, por exemplo), como também os próprios membros do ‘staff’ e, porque não, os jornalistas presentes. O que nos traz para o título desta crónica; o facto de Valentino ser verdadeiramente o último grande ídolo global do desporto motorizado. O que não quer dizer que seja o único. Apenas que é o mais transversal.

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Vamos abrir a discussão: será Tom Kristensen uma lenda do desporto motorizado? Com certeza. Afinal, nove vitórias nas 24 Horas de Le Mans, a mais prestigiada das corridas de resistência, é um feito inacreditável e difícil de igualar, até quando se pensa no conjunto de pilotos de topo (Jacky Ickx e Derek Bell, por exemplo) que o dinamarquês teve de ultrapassar para agora liderar esta estatística. Mas será ele tão mediático ou transversal como Valentino Rossi? E Sebastian Vettel, Michael Schumacher ou mesmo Lewis Hamilton, o mais recente tricampeão do mundo de Fórmula 1?

Olhando para as redes sociais salta logo à vista um dado curioso: enquanto o britânico, sem dúvida a maior estrela da Fórmula 1 neste momento, pelo menos no que concerne à soma das atividades desportivas (enquanto piloto) e não-desportivas (enquanto membro do ‘jet-set hollywoodesco’), tem 3 milhões e 469 mil ‘seguidores’ no facebook, a conta oficial de Valentino Rossi tem uns impressionantes 11 milhões e 957 mil ‘likes’ – números que dizem tudo sobre a sua ‘consensualidade’ entre homens e mulheres, fãs de motos ou de automóveis. Nem a página oficial de Ayrton Senna, com o dobro de Lewis Hamilton (6 milhões e 715 mil seguidores) consegue chegar-lhe aos calcanhares, embora seja preciso fazer a ressalva de que Valentino é uma estrela contemporânea e ainda no ativo, enquanto Senna infelizmente deixou-nos há 21 anos.

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Factos à parte quero terminar como comecei, relatando o que os meus olhos viram e o que eu próprio senti: uma adoração e ternura únicas que poucas ou nenhumas figuras do mundo motorizado podem dar-se ao luxo de ter. Rossi é o Michael Jordan ou o Cristiano Ronaldo do motociclismo. Mas ao contrário destes, que são estrelas nas suas esferas de ação (ou seja, nos desportos em que triunfaram), o italiano parece sempre levar o seu mediatismo a outras áreas. Daí que muitos o considerem ‘The G.O.A.T. – Greatest Of All Time’; o maior de sempre do mundo das duas rodas.

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Luis Maia
8 anos atrás

Sem dúvida um excelente piloto que marcou uma geração de motociclistas e acredito que ainda vamos ver muito mais este desportista nas próximas duas décadas fora de pista.

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