Crónica: O sonho da Ducati é juntar Lorenzo e Stoner
Quando o grupo Volkswagen comprou a Ducati através da Audi/Lamborghini em julho de 2012, a marca de Bolonha ganhou um desafogo financeiro que se refletiu nos objetivos do seu departamento de competição, a Ducati Corse. A estrutura desportiva da marca continuou a ser liderada por italianos, um triunvirato hoje liderado pelo diretor geral Gigi Dall’Igna (guru técnico ‘roubado’ à rival Aprilia), o diretor desportivo Paolo Ciabatti, e o team manager Davide Tardozzi.
A primeira evidência de que os responsáveis da VW não ficariam satisfeitos com os resultados mais recentes da Ducati no MotoGP foi uma proposta milionária – e entretanto recusada – a Jorge Lorenzo, que optou por renovar pela Yamaha até ao final de 2016. Mais recentemente, o anunciado regresso de Casey Stoner a Borgo Panigale é só mais um indício de que a Ducati não vê em Andrea Iannone e/ou Andrea Dovizioso verdadeiros pilotos de elite, estando deficitária a esse nível quando comparada com as rivais Yamaha e Honda.
Mesmo se ainda é necessário aguardar para ver se Casey Stoner terá motivação – e capacidade – para regressar ao mais alto nível, o próprio Paolo Ciabatti admitiu recentemente à italiana Sportmediaset que o objetivo de contratar Lorenzo não está esquecido… apenas adiado até ao final da próxima época.
Próxima temporada será crucial
Mas se a Ducati quiser mesmo atrair Stoner e Lorenzo para a sua equipa, terá de aproveitar a enorme oportunidade que se afigura com a mini-revolução técnica no MotoGP em 2016. A nova eletrónica obrigatória da Magneti Marelli tem elementos que foram sugeridos pela própria Ducati e que, pelo que se viu nos testes de Valência e Jerez, causaram enormes dores de cabeça à Movistar Yamaha e Repsol Honda.
A introdução dos pneus Michelin também poderá baralhar o status quo do MotoGP e compete à equipa técnica liderada por Dall’Igna tornar a Desmosedici GP16 uma arma suficientemente competitiva para devolver a Ducati às vitórias. É que convém lembrar que pilotos como Nicky Hayden, Valentino Rossi, Cal Crutchlow, Dovizioso e o próprio Iannone nunca conseguiram ‘domar’ verdadeiramente a irascível Desmosedici, uma máquina que atinge regularmente as maiores velocidades de ponta do plantel mas que parece precisar de um estilo de pilotagem como o de… Stoner.
Mesmo com os milhões vindos da Alemanha, o sonho da Ducati Corse e de Ciabatti continuará a ser uma utopia se Stoner e principalmente Lorenzo não virem progressos significativos em 2016. A ‘bola’ está do lado dos italianos.
Ricardo S. Araújo