Crónica: o ano dos independentes
É cedo para libertar os foguetes, mas a verdade é que a temporada de 2016 do MotoGP já viu dois pilotos independentes no topo do pódio. Para nos recordarmos da última vez que tal tinha acontecido é necessário recuar até 2006, ano em que o espanhol Toni Elias levou a Honda RC 213V da Fortuna Gresini ao triunfo no GP de Portugal, a prova que Valentino Rossi terminou no segundo posto antes do célebre desaire de Valência, aquele que culminou no primeiro e único título mundial da carreira de Nicky Hayden.
Poder-se-á dizer que as condições atmosféricas ajudaram para que o hiato fosse finalmente quebrado, tal como a estratégia da Marc VDS e da LCR Honda, que em conjunto com a astúcia de Jack Miller e Cal Crutchlow celebraram simultaneamente os primeiros triunfos das suas carreiras na categoria máxima. Mas num ano de mudanças, importa também salientar a importância que o regresso da Michelin em substituição da Bridgestone como fornecedora de pneus do campeonato, e a nova eletrónica, tiveram neste desfecho.
Sempre que existem alterações regulamentares há oportunidades que de repente ficam a descoberto. Sim, Miller e Crutchlow – as grandes surpresas do ano, equiparadas com o ressurgimento da Ducati, apenas venceram na chuva. Mas triunfaram onde os outros falharam, e isso também tem o seu mérito. Depois, não há dúvida que as novas regras, e até mesmo a aerodinâmica, vieram ‘abrir’ o campeonato.
Os pilotos que tradicionalmente andam no meio e fim da tabela têm estado mais próximos do que nunca dos lugares da frente, e em Brno assistiu-se ao impensável, com seis Ducati a ocuparem a dada altura os oito primeiros lugares da classificação, sendo que cinco acabaram mesmo por ocupar as posições entre o 4º e o 8º posto (Loriz Baz, Hector Barbera, Eugene Laverty, Danilo Petrucci e Andrea Ianonne). Ianonne esteve a ponto de vencer, mas nos instantes finais viu o pneu macio da frente ceder à ‘secagem’ do circuito. Foi aí que surgiu um endiabrado Crutchlow, que tantas vezes antes, ao serviço da Tech 3, esteve a ponto de fazer o que conseguiu em Brno: vencer. Para tal bastou-lhe confiança e dois pneus duros.
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