As senhoras no MotoGP: Eva Wiggelendam da Honda Repsol

Por a 9 Janeiro 2021 14:30

No MotoGP muitas mulheres trabalham nos bastidores, como Eva que chegou ao paddock para enfrentar novos desafios, mas mantendo a fé nos seus ideais

Não posso mudar o mundo sozinha, mas quero fazer a minha parte para que no futuro certos preconceitos não existam!”

A história de Eva Wiggelendam começa em 1989, em Amsterdão. Estudou ciências políticas mas, enquanto fazia um estágio no consulado holandês em Barcelona, percebeu que o ambiente diplomático não era para ela; O dinamismo que buscava encontrou-o a trabalhar no campo do desporto.

Desde 2019 é coordenadora da equipa da Honda Repsol, uma das equipas mais prestigiadas do Mundial de MotoGP.

É a única mulher na equipa que cobriu todo o Grande Prémio em 2020 e é a primeira estrela #WomenInMotoGP deste novo ano.

“Em 2009, quando ainda era estudante, um amigo meu contactou-me porque uma empresa catalã estava à procura de alguém que falasse holandês e espanhol para trabalhar em merchandising em Assen. Quando dei por mim estava em São Francisco.”

Durante um tempo, Eva continuou atrás das bancadas a vender mercadoria para os pilotos que se tornariam seus companheiros de viagem alguns anos mais tarde.

“Gosto muito de viver em Espanha: a cultura, o modo de vida, por isso, depois de me formar, escolhi mudar-me para lá para viver. Estava a trabalhar na La Liga, a seguir o futebol, quando um amigo me disse que a Dorna tinha uma oferta de emprego que me interessava.”

Eva deixou os estádios para voltar aos circuitos, mas desta vez acedendo ao paddock para ajudar a construir um ambicioso novo projeto: “Comecei a trabalhar para a British Talent Cup, e foi através desta experiência que me apercebi do quão fascinante é o motociclismo porque o seu lado técnico é vasto e complexo.”

Depois da British Talent Cup, Eva ficou encarregue do aspeto logístico das corridas a tratar de todo o pessoal envolvido nos fins de semana de corrida.

“Foi como estar num Grande Prémio, mas em miniatura, porque fazes as mesmas coisas, mas, com menos pessoas envolvidas, tive a oportunidade de conhecer de perto muitos aspetos diferentes.”

“A trabalhar para a Dorna conheci o Alberto Puig que me perguntou se estava interessada em ser coordenadora da Honda Repsol.”

“Quando Marc Márquez conquistou o título em 2018 ainda não trabalhava na Honda, mas tive a confirmação de que me sentiria confortável nesse ambiente.”

Em 2019 Eva juntou-se à equipa onde Márquez foi coroado após a sua oitava vitória da temporada e organizou a celebração da “Bola Oito” em Banguecoque.

O contexto foi muito diferente em 2020:

“A equipa é composta por 45 pessoas e muitos dos membros da equipa são japoneses, por isso vieram para a Europa em Julho e só foram para casa quando a época terminou. Também estava encarregue de gerir a sua estadia nos dias em que não estávamos ocupados no Grande Prémio.”

Ainda há apenas algumas caras femininas que analisam dados nas boxes, mas Eva acredita que pouco a pouco isso está a mudar:

“Damos às meninas bonecas e não jogos de construção, por isso têm seguido certas ideias desde muito tenra idade. Excluímo-las da possibilidade de montar peças para construir uma moto.”

“Acho que é importante ter um equilíbrio entre o número de homens e mulheres, para que uma empresa funcione bem. Não posso mudar o mundo sozinha, mas quero fazer a minha parte para que no futuro certos preconceitos não existam.”

E olhando para o futuro, Eva tem ideias claras: “Gostava de ver cada vez mais rostos femininos no paddock e nas bancadas e espero voltar a ver uma temporada como 2019: um ano em que, como equipa, lutámos pelo título com os adeptos presentes em cada Grande Prémio.”

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