As outras classes de GP, 18: A Aermacchi HD RR250

Por a 3 Fevereiro 2021 18:00

A Aermacchi 250 fazia parte de uma joint venture com a Harley-Davidson, criada quando a HD comprou 50% da Aermacchi para os ajudar a competir no mercado de pequenas cilindradas

Um par de cilindros de 125 com refrigeração líquida criou uma 250 que produzia cerca de 52 cavalos e pesava 108 Kg

A parceria fazia todo o sentido em 1960. Com a invasão japonesa a tomar tudo de assalto, a Harley-Davidson, que não fabricava quase nada abaixo de 750cc, precisava de algo competitivo no segmento de motos de pequena cilindrada.

As opções eram o desenvolvimento adicional do seu monocilíndrico de 165cc de dois tempos, apostar num design completamente novo, ou comprar um negócio chave na mão.

A Aermacchi, de Varese, Itália, encaixava-se neste último critério: já construíam uma moto robusta e eficiente de 250cc, derivada da futurista Quimera de 175cc de Alfredo Bianchi de 1955, com bom desempenho e muito potencial de desenvolvimento.

Melhor ainda, a empresa-mãe da Aermacchi, a Aeronautica Macchi, queria focar-se de novo no seu negócio de aviões, e fez questão de alienar as suas operações de moto a bom preço. A Harley comprou uma parte de 50%, passando a ser o accionista maioritário.

Após competir alguns anos com uma 4 tempos derivada da Ala d’Oro, que teve sucesso em corridas de GP, incluindo 3 anos seguidos onde ficaram com 4 dos 10 melhores lugares no Junior TT na Ilha de Man, a marca decidiu que precisava de regressar às 2 tempos para um ataque ao Mundial.

Quando Pasolini perdeu a vida em Monza, o novo piloto Walter Villa, ele próprio um construtor, trouxe muitos melhoramentos à moto.

Desenvolvida a partir de 1971 e usando a parte de baixo do moto da Ala D’Oro como base, o motor de 246 cc tinha dimensões de 56 x 50 mm e uma taxa de compressão de 12:1, sendo originalmente alimentado por 2 carburadores Mikuni de 30mm.

A potência original de 49 cv às 11.400 rpm cedo deu lugar, pela adaptação de um par de cilindros de 125 de MX com refrigeração líquida em 1973, a uma 250 que produzia cerca de 52 cavalos e pesava 108 Kg, havendo também uma versão de 350cc.

O quadro de aço tubular era suspenso por garfos Ceriani de 34mm e amortecedores Girling na traseira, com a travagem também a cargo de cubos Ceriani de 230mm para um peso total de 112 Kg e velocidade máxima de 230 Km/h.

Em 1977 os carburadores passaram a ser Dell’Orto e em 1978, a moto recebeu um quadro feito pela Bimota e rodas Campagnolo em magnésio.

No ano seguinte, o motor foi adaptado para admissão por válvula rotativa, quando a moto já atingia os 58 cavalos, mas a marca foi de seguida vendida à Cagiva dos irmãos Castiglioni, que adqueiriram toda a ferramenta e peças da fábrica de Varese e puseram Marco Luchinelli a correr com ela, mas só depois de Walter Villa ter ganho o Mundial de 250 com ela em 74, 75 e 76.

Como Cagiva, e desenvolvida para uma versão V4 de 500c, a marca ainda se notorizou até aos anos 90.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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