As outras classes de GP, 14: A Adler MB250 RS

Por a 30 Janeiro 2021 18:00

Em 1949, a Adler foi um dos primeiros fabricantes alemães a recomeçar a produção após a guerra. Até ao fim do seu fabrico, em 1957, manteve-se inigualável como fabricante de dois tempos, com esta 250RS de Grande Prémio o seu exponente máximo

“Com a cooperação da fábrica, o motor Adler de 248 cc em breve produzia 36 cv às 12.000 rpm com taxa de compressão de 14:1 a funcionar a metanol”

No final de 1952, a Adler revelou o motor MB 250, um bicilíndrico que rapidamente ficou conhecido como “Cannonball” pela sua velocidade.

O modelo foi igualmente bem sucedido como turística, desportiva e scrambler. Mas foi particularmente bem sucedido com outro nome, pois o primeiro bicilíndrico Yamaha, a YD 1 de 1955,  era mais ou menos uma cópia direta da Adler MB e todos os bicilíndricos Yamaha seguintes seguiram o seu padrão.

Depois da estradista MB 250 e da desportiva 250 S, apareceu uma versão de corrida, a 250 RS com dimensões de 54 x 54 mm, dois carburadores Amal TT de 24 mm em substituição dos Bing iniciais, e suspensão traseira por braço oscilante em vez de amortecedores “plunger”.

As 250 RS de 1954, ainda arrefecidas a ar, (acima) começaram por desenvolver 26 cv às 7.500 rpm, para um peso de 108 Kg, fazendo a moto capaz de mais de 205 Km/h. Muito apreciada na sua Alemanha natal, a Adler RS teve um raro sucesso no estrangeiro no Bol d’Or em 1954, onde uma RS ganhou a respetivas categorias abaixo de 350cc.

O motor Adler foi um excelente exemplo de engenharia em que o desenvolvimento foi realizado por proprietários privados com a ajuda da empresa e usado para corridas em carros e motos.

Com a cooperação da fábrica, o motor Adler de 248 cc passou a debitar 28 cavalos às 8.000 rpm, atingindo os 175 Km/h, mas em breve já produzia 36 cv às 12.000 rpm com taxa de compressão de 14:1 a funcionar a metanol.

Um escape altamente afinado para o adequar a cada circuito em particular era usado, e a faixa de potência variava 2.000 rpm por volta das 12.000 rpm pela utilização de restritores de saída de escape com aberturas entre 15 mm e 32mm.

Uma versão arrefecida a água utilizando a mesma cambota foi desenvolvida em 1954 por proprietários privados na Europa em cooperação com o departamento de corridas Adler.

A maior dificuldade a superar na conceção de um bicilíndrico de dois tempos é a vedação dos cárteres. A solução da Adler foi, ao mesmo tempo, engenhosa e complicada. As duas cambotas encaixam-se de cada lado de uma peça feita por fundição maciça, e as suas articulações dentadas (acoplamento de Hirth) são unidas através de um parafuso que as atravessa. Um rolamento e dois anéis retentores foram localizados no veio central da cambota.

Para apertar o parafuso transversal, uma ferramenta especial era inserida através de um furo no volante direito, para acasalar com um sulco radial na cabeça do parafuso.

O conjunto completo da cambota era suportado em cada extremidade em caixas de rolamentos montados nas paredes laterais da cambota. Isto resultou num motor de alta rotação que era excecionalmente rígido e suave.

O design compacto do cárter incorpora o motor, a embraiagem, a caixa de velocidades e o carburador numa unidade.

A embraiagem que funciona à velocidade do motor na extremidade da cambota, dava uma mudança suave de engrenagem, uma vez dominada.

As motos normais de estrada tinham bobinas de ignição Bosch duplas montadas dentro do motor com componentes elétricos Bosch (Acima).

Com a idade, estas bobinas iriam ficar ressequidas e quebrar sob os efeitos do calor, pelo que a maioria das restaurações modernas agora montam as bobinas externamente no fluxo de ar fresco.

A partir de 1954, o afinador e piloto Hellmut Hallmeier aperfeiçoou uma 250 RS arrefecida a água, cuja carreira de corridas de grande sucesso continuou nos anos 60.

Designada como a RS, a moto foi construída para desempenho e corridas em vez de beleza, com o arrefecimento a água sendo o único meio aceitável de controlar a temperatura dos gases fazendo o arrefecimento chegar a zonas recônditas do motor.

Com a admissão altamente desenvolvida através de cortes de janelas avançados, pistões forjados, cabeças de alumínio, varetas planas em forma de faca, e trabalho extensivo nos dois carburadores e sistema de escape, o motor da RS chegou a produzir 39 cv a mais de 10.000 rpm até ao final do seu desenvolvimento, com uma velocidade máxima de 200 km/h.

Começando com um  modesto 18º no Mundial de 250 de 1954, repetido em 1957, a moto alcançou um êxito considerável nas pistas de corrida da Europa bem até à década de 1960, com um melhor de 5º e 7º em 1958, quando Dieter Falk foi 5º no TT e 3º na Alemanha e Gunther De Beer completou isso com dois quartos na Suécia e em Monza.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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