As mais belas motos de GP, 8: A Aprilia RSW-2
Apanhando a era final das 2 tempos no Mundial, a Aprilia RSW estava quase pré-destinada a falhar… exceto na beleza das suas linhas
Dizer que a Aprilia dominou a era final das 2 tempos em Grand Prix é pecar por defeito: Entre 1985, de um começo modesto com uma 125 equipada com um motor Rotax, e até 2002, a marca ganhou um total de 38 títulos mundiais com 294 vitórias.
O sucesso levou a marca a encetar a sua aventura na classe rainha em 1994, quando perante o desempenho vencedor de Max Biaggi, a caminho do seu primeiro titulo nas 250, Jan Witteveen (chefe de competição da Aprilia e um expert em 2 Tempos, que muitos anos antes preparara motores para o português Henrique Sande e Silva correr no Mundial), tinha notado que as suas 250 eram mais rápidas em curva do que as poderosas 500.
Analisado os tempos por volta, descobriu que os tempos das mais manobráveis 250 eram muitas vezes inferiores aos das 500, em alguns casos até por diferenças consideráveis.
Então, por que não pegar numa RS250V e aumentar a sua capacidade para competir com as 500 de quatro cilindros? Fazia sentido que uma moto mais leve, e portanto mais manobrável, ultrapassasse a lacuna de cavalagem pura para atingir bons resultados. Assim começa a história da Aprilia na classe rainha.
Para a primeira temporada o projeto foi muito simples, uma autêntica experiência na classe de topo do motociclismo de competição.
O trabalho necessário foi feito rapidamente e a primeira RSW-2 era, de facto, uma RS250V, a mesma com que Max Biaggi se sagrou campeão no final do ano, com o motor revisto: a capacidade aumentou para 410 cc, com os cavalos a passar de 90 para cerca de 115, mantendo o bloco e as admissões inalteradas.
Loris Reggiani, que se estreara no Campeonato do Mundo em 1985 e tivera a primeira vitória, em Misano, em 1987, foi escolhido como piloto.
A temporada de 1994 viu assim a Aprilia fazer a sua estreia na classe de 500 com uma inovadora moto de dois cilindros, e Loris Reggiani garantiu 7 pontos nessa temporada.
A estreia foi em Jerez, a quarta corrida da temporada, e o resultado foi muito animador: Reggiani cruzou a meta na sexta posição a 45 segundos do vencedor Doohan, depois de ter começado em sétimo, fechando o intervalo na fase final para acabar a 7 segundos da Cagiva de Doug Chandler.
A temporada continuou com a participação em cinco das dez corridas do calendário, mas sem cruzar mais a meta: a moto #13 é, de facto, um laboratório técnico itinerante.
Assim, a Aprilia de 500cc ainda estava em fase de desenvolvimento, mas estavam a ser feitos grandes progressos.
Reggiani conseguiu garantir um 10º lugar no campeonato à frente de várias motos oficiais de quatro cilindros.
No ano seguinte, Loris, ainda o único piloto, terminou a temporada em décimo lugar com 59 pontos recolhidos nas 13 corridas disputadas.
Vítima de cinco abandonos pela juventude do projeto, nas corridas em que cruzou a meta terminou sempre no Top10, com dois excelentes sétimos lugares em Brno e na última corrida em Barcelona, onde a diferença para o vencedor, Crivillé, foi de apenas 18 segundos.
Graças às boas performances e à proximidade de desempenho, pelo menos na qualificação, em Noale entenderam que obstáculo faltava ultrapassar para chegar mais frequentemente aos lugares da frente: era preciso mais potência.
Em 1996, a única RSW-2 na grelha foi confiada ao falecido Doriano Romboni, que optou pelo número 15 nas carenagens, e que ao longo da época garantiu 23 pontos, mas a sua temporada foi afetada quando sofreu um acidente a meio da temporada, obrigando-o a perder várias corridas.
Finalmente, a moto já não é uma 250 adaptada, desfruta de uma ciclística e de uma aerodinâmica própria, enquanto no Departamento de Corrida trabalham ao longo da temporada numa evolução de vários estágios do motor.
Para este último propósito, o motor cresce em capacidade, chegando aos 430cc, mas a época é marcada pelos problemas físicos de Romboni.
O melhor resultado acabaria por ser um sétimo lugar em Suzuka com o motor ainda na versão anterior.
O aumento de capacidade para a RSW-2 chega apenas em Imola, a penúltima corrida da temporada, e ao chegar aos 460cc, o máximo permitido pelas cotas do motor, a moto da Noale consegue agora aproximar-se dos 125 cv.
Com essa versão, a temporada de 1997 marcou um pódio para a Aprilia 500cc e o seu piloto Doriano Romboni no histórico circuito de Assen. Um segundo piloto Alex Gramigni, alinhou apenas duas vezes no início da época e não pontuou, mas Romboni impressionou com apenas duas desistências e 9 lugares dentro do Top 10 a caminho de 10º no campeonato.
Saltando 1998, em 1999, o projeto Aprilia 500cc ainda estava em desenvolvimento e para o meio da temporada fizeram grandes incursões…
O piloto único era agora Tetsuya Harada, que esteve perto da vitória em pelo menos duas ocasiões quando acabou com pódios em 3º nos circuitos de Donington e Paul Ricard, garantindo também um 4º lugar em Mugello e na Catalunha, acabando mais uma vez 10º.
Em 2000, chegaria a era da MotoGP, com as novas 4 tempos a partilhar a grelha com as 2T, e a Aprilia and alinhou com Harada e com o Irlandês Jeremy McWilliams.
Uma temporada cheia de abandonos, seis cada para McWilliams e Harada, teria o seu momento final de glória quando McWilliams fez a pole na corrida afinal na Austrália, acabando no entanto a corrida em 8º.
O resultado final de apenas 14º e 16º no Campeonato, no entanto, marcaria a retirada da Aprilia da classe rainha, a que só regressaria em 2002 com a Cube a 4T…
Já a beleza da RSW, com o seu quadro de alumínio caprichosamente moldado e polido como um espelho, e o inegável faro estético dos italianos nas cores, ninguém pode disputar…