As mais belas motos de GP, 19: A AJS 7R 500

Por a 7 Janeiro 2021 17:00

A AJS 7R também vulgarmente conhecida como ‘Boy Racer’, foi uma motocicleta britânica de 350 cc construída pela Associated Motor Cycles, que ganhou desde a sua introdução em 1948.

A proeza da moto tornou-se evidente pela primeira vez em 1950, quando Les Graham venceu o Grande Prémio da Suíça

O modelo sucedeu à AJS V4 Grand Prix racer, 1939, que é a primeira moto do mundo a dar a volta a um circuito de Grand Prix a mais de 160 km/h.

Construída de 1948 a 1963, além de ser usada pela equipa de fábrica da AJS, foi também produzida em número limitado para venda a participantes privados.

Por exemplo, 25 foram construídas para a temporada de 1958, embora normalmente fossem modelos especiais de fábrica, feitos em números muito reduzidos.

A versão de 500cc posterior ganhou o título mundial de 500 em 1949. Logo ganhou uma reputação por bom desempenho, manuseamento e fiabilidade. Bob McIntyre, Mike Hailwood e Alan Shepherd estão entre os muitos nomes famosos que correram com 7Rs.

A AJS 7R 350 cc de 1957, com 75,5 mm de diâmetro e 78 mm de curso, debitava 38,5 cv a 7600-7800 rpm, e pesava 129 kg. A velocidade máxima era de 190 km/h.

Um novo design de Phil Walker, com a came comandada por corrente, era a herdeira das históricas monocilíndricas ‘cammy’ da AJS de antes da guerra. Inicialmente, a 7R não era tão potente como as suas concorrentes, produzindo apenas 32 cv às 7500 rpm.

O quadro duplex e os garfos dianteiros telescópicos permaneceram relativamente inalterados durante a produção, mas o motor teve uma série de alterações. O ângulo das válvulas foi progressivamente reduzido, e a cambota, o ponto fraco, fortaleceu-se. Em 1956, as dimensões do motor mudaram de um curso longo original de 74 x 81 mm para o mais quadrado 75,5 x 78 mm. A caixa de velocidades AMC substituiu a antiga unidade Burman em 1958.

Em 1951, o engenheiro de desenvolvimento da AJS, Ike Hatch, desenvolveu a versão de dimensões de 75,5 mm x 78 mm, para uma versão de três válvulas da cabeça da 7R que já debitava 36 cv.

Chamava-se AJS 7R3, e foi a resposta de Ike aos motores italianos de vários cilindros. Os modelos andaram bem o suficiente no primeiro ano, mas não tão bem no segundo. Para 1954, Jack Williams, o gestor da equipa de fábrica, desenvolveu ainda mais a moto, baixando o motor no quadro, e fazendo algumas alterações de afinação que deram 40 cv às 7.800 rpm.

Nessa versão  a moto venceu imediatamente as duas primeiras rondas do Campeonato do Mundo e ficou em primeiro lugar na Ilha de Man.

Entre 1961 e 1963, a AJS dominou o Júnior TT da Ilha de Man, com a 7R. A proeza das motos tornou-se evidente pela primeira vez em 1950, quando Les Graham venceu o Grande Prémio da Suíça, acabando com o domínio da Moto Guzzi e Norton.

Os seus sucessos prolongaram-se até 1968, quando Alan Barnett venceu a última corrida no Grande Prémio da Grã-Bretanha e entre as AJS obteve três vitórias consecutivas na Ilha de Man, entre 1961 e 1963. 

A AJS 7R viria a tornar-se numa das motocicletas de corrida mais bem sucedidas à venda na Inglaterra na época, e ainda hoje, quase 70 anos depois, a AJS 7R é uma força dominante no mundo das corridas de motos vintage.

Phil Walker desenhou a 7R com um único cilindro, e uma came única sobre a cabeça, com base nas lições aprendidas com os motores “cammy” pré-Segunda Guerra Mundial.

O veio de comando acionado lateralmente por corrente dá ao motor da 7R um aspeto distinto no lado do comando de válvulas, com todo esse lado do cárter e a tampa das engrenagens e cabeça de válvulas muitas vezes pintadas a dourado, sentadas abaixo do tanque de combustível típico da AJS com os seus grandes recortes para apoio dos joelho de ambos os lados.

O motor arrefecido a ar senta-se num quadro duplo berço e a suspensão é provida de amortecedores telescópicos na parte traseira e garfos hidráulicos na frente. Um pequeno farol com um écran acrílico oferecia ao piloto alguma proteção quando agachado atrás dos mostradores em reta.

A AJS 7R original tinha um peso relativamente esbelto de 129 kgs, o que significava que os seus 32 cv podiam ser bem utilizados.

Ao longo da sua produção, o modelo foi progressivamente modificado num esforço para acompanhar as avançadas motos de corrida de vários cilindros que saíam de Itália. As quotas do motor ficaram mais quadradas, de 74 x 81 mm para 75,5 x 78 mm para permitir um limite de rotações mais alto, e os ângulos das válvulas foram reduzidos.

Em 1954 a 7R foi melhorada ainda mais, pois o motor foi abaixado no quadro para baixar o centro de gravidade, e outros ajustes do motor melhoraram a potência para 40 cv às 7800 rpm.

Esta 7R recém-melhorada venceu as duas primeiras rondas do Campeonato do Mundo e conseguiu uma vitória na Ilha de Man TT o que não era um mau esforço para uma moto introduzida 7 anos antes, especialmente se considerarmos o ritmo de avanço da engenharia na época.

As vitórias para a AJS 7R continuariam na década de 1960, com vitórias nas corridas do Grande Prémio Júnior Manx em 1961, 62, 63 e um 2º lugar em 1966. Curiosamente, a 7R também ganhou o campeonato mundial inaugural de Motocross de 500cc em 1957, quando Bill Nilsson, da Suécia, modificou um modelo de estrada 7R para fazer uma máquina de motocross e conseguiu uma vitória convincente. Não é algo que Phil Walker alguma vez tenha previsto para a modelo.

A AJS 7R que vê aqui é um modelo original de 1956, o que significa que beneficiou das modificações de desempenho introduzidas em 1954, também está equipado com as cames de alta performance de fábrica e uma caixa de velocidades e carburador leves de magnésio.

Depois desta, a AJS ainda fez uma versão de produção da válvula padrão AJS 7R, para privados e uma versão de 500 cc, comercializada como a Matchless G50 também foi vendida.

No final da produção, em 1963, o motor de duas válvulas OHC da AJS 7R já produzia mais de 40 cv.

Eventualmente, a AMC retirou-se como equipa oficial de Grande Prémio, e das corridas de estrada pontuais, no final de 1954, com a morte de Ike Hatch, e face à concorrência feroz das outras motos europeias.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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