Rita Vieira: ”No EnduroGP, as mulheres merecem mais respeito e melhores condições!”

Por a 8 Dezembro 2022 18:39

Rita Vieira publicou esta quarta-feira uma importante mensagem sobre aquilo que sente ser discriminação entre homens e mulheres no Enduro e, mais especificamente, no campeonato do mundo da especialidade.

Em 2022, a piloto da Yamaha conseguiu o melhor resultado de sempre de uma portuguesa no Mundial de Enduro na classe Senhoras mas o 4.º lugar alcançado e os vários pódios ao longo da época não geraram o retorno que compense o investimento feito por uma jovem que se dedica a 100% ao motociclismo, sendo atualmente campeã nacional de Enduro e de Trial na sua categoria.

A verdade é que Portugal tem das melhores pilotos femininas de Enduro do mundo! Basta dizer que em 2022 foram duas lusas no Top 10 do campeonato do mundial em 2021 tinham sido três!

Sem dúvida que é um assunto premente e é de louvar a coragem e a iniciativa de Rita Vieira em trazer o tema à opinião pública. As seguintes palavras deverão ser objeto de reflexão dos responsáveis pela organização do EnduroGP.

Leia a integralidade do post de Rita Vieira nas suas redes sociais

“Hoje acordei com vontade de dizer ao mundo aquilo que sinto. ? Acordei triste e insegura porque dei por mim a pensar no futuro e se continuo ou não a investir o meu tempo, dinheiro e energia na alta competição.

Sempre fui a favor da igualdade de oportunidades e sempre lutei para não haver discriminação entre homens e mulheres. 

Numa altura em que tanto se fala de igualdade de oportunidades, gostaria de vos dar a conhecer o panorama mundial do nosso desporto.

Este ano tive o privilégio de conseguir realizar o Campeonato do Mundo de Enduro na integra e consegui três pódios e um quarto lugar no final da época. 

Claro que fiquei radiante, mas a verdade é que o dia passa e depois tudo fica igual, exatamente igual. Não há nenhuma recompensa nem qualquer reconhecimento, zero.

Decidi questionar a realidade das três melhores do mundo, inclusive da campeã do mundo pela terceira vez consecutiva. Ora então: elas trabalham e gastam do seu dinheiro pessoal para competir, têm muito poucas ajudas e tal como eu dedicam a sua vida a este desporto.

Há dezenas de equipas e muitas delas de fábrica, desde a KTM, Gasgas, Beta, Husqvarna, Fantic, TM, etc. e porquê que nós – mulheres – não temos oportunidade de integrar uma? Há quem receba para competir e há quem pague para competir que é caso de todas as mulheres.

Na verdade querem que sejamos profissionais, mas não nos dão condições para isso.

Esta é a realidade do Enduro GP feminino e acho que temos urgentemente de fazer alguma coisa para mudar isto.

Nós temos valor, trabalhamos diariamente e arduamente para sermos melhor e para mostrar e prestigiar as marcas que nos apoiam.

Claro que é gratificante subir a um pódio do Enduro GP e fazer parte das melhores do mundo, mas se formos analisar a questão a fundo: para quê? Quer façamos primeiro ou último lugar, a nossa vida continuará exatamente igual.

É isto que representa ser mulher num mundo maioritariamente masculino?

Se é, eu não aceito!

E não, não sou ingrata, sempre valorizei muito quem me ajuda, mas sou ambiciosa e acho que tanto eu como todas as mulheres que se esforçam para estar ao mais alto nível merecem mais respeito e sobretudo melhores condições!

Até há uns tempos atrás o futebol feminino era completamente desvalorizado, agora pouco a pouco, vão conquistando o seu território.

A união faz a força e eu acredito que juntas somos mais fortes!

Sim, sou mulher e sou piloto.”

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