Domingos Cunha, Mini Baja: “A minha maior referência é o Martim Ventura”
Domingos Cunha sagrou-se campeão nacional de Mini Baja e Mini Enduro em 2023 e é uma das esperanças futuras destas duas modalidades. Fomos conhecer o jovem piloto da Yamaha antes de iniciar a defesa dos seus títulos.
Conta-nos como começaste a andar de moto…
“Numa viagem a Oslo, os meus Pais viram as crianças muito pequenas a irem para a escola de bicicleta sem pedais em “bandos” pela cidade e acharam tanta piada que antes de regressarem compraram uma bicicleta sem pedais que me ofereceram. Eu tinha 3 anos… Gostava tanto ou tão pouco da bicicleta que dormia com ela na cama!!! Passado algum tempo o meu Pai ofereceu-me um capacete e a partir daí eu sentia-me um verdadeiro piloto e fazia autênticas corridas na Vila de Oeiras (onde morávamos) com a minha “super bicicleta”, descendo da Igreja Matriz até nossa casa, fazendo com que alguns vizinhos achassem que os meus pais eram uns péssimos pais que permitiam uma criança tão nova andar tão depressa de bicicleta. Fiz muitos quilómetros com essa bicicleta… Entretanto quando fiz 4 anos, os meus pais ofereceram-me uma Yamaha PW50 que compraram usada em Miami e essa foi a minha primeira mota.”
Quem foi a tua maior influência no início da tua carreira no Todo-o-Terreno?
“A maior influência no meu início de carreira no Todo-Terreno foi sem dúvida o meu pai, que esteve desde que eu nasci ligado aos desportos motorizados, correndo de buggy no nacional de Todo-o-Terreno. Passou esse “bichinho”, como já referi, desde muito pequeno pois cresci rodeado de capacetes, luvas, treinos e corridas!”
Qual o piloto que tens como referência a nível nacional? E a nível internacional?
“A minha maior referência no Todo-o-Terreno nacional é sem dúvida o Martim Ventura, que “cresceu” como piloto na mesma escola que eu (Offroad Camp Yamaha) e que neste momento, e apesar de ser muito novo ainda, é sem qualquer dúvida um dos melhores pilotos nacionais da modalidade e com um futuro brilhante pela frente.”
Foste campeão Júnior de Enduro e campeão Juvenil de Mini Baja. Que balanço fazes da temporada de 2023?
“Faço um balanço muitíssimo positivo. Foi uma época de sonho para mim e para toda a equipa! Sagrei-me campeão nacional de duas modalidades (Mini Baja e Mini Enduro), vice-campeão do Troféu Yamaha (YZ125) e encerrei a época com chave de ouro ao participar na primeira corrida de Enduro de adultos onde ganhei a minha classe e consegui fazer um 5º lugar à geral numa corrida com mais de 100 pilotos. Mas como tudo na vida, por trás do sucesso está normalmente muito trabalho e neste caso não é exceção. Este foi o primeiro ano que treinei com mais regularidade e foi também o primeiro ano que comecei a fazer preparação física especializada com um PT e como o meu nível de pilotagem estava a evoluir, a equipa foi naturalmente evoluindo a mota a par da minha evolução prova a prova. Estes dois títulos são muito importantes na minha carreira e sobretudo para a minha pessoa, talvez por terem sido os primeiros, mas também por me mostrarem que depois de muito trabalho é natural que apareçam resultados ou como o meu Pai diz, “a minha sorte deu-me muito trabalho!”. Estou muito contente mesmo por esta evolução e só tenho a agradecer a todos os que tornam este sonho possível.”
Planos e objetivos para 2024?
“Os últimos dois meses de 2023 foram de uma grande intensidade, saborear tudo o que conquistámos e depois de respirarmos um pouco, entender o que fizemos bem e o que fizemos menos bem e definir uma estratégia para conseguir continuar a evoluir na época seguinte e podermos chegar ao final da época ainda mais fortes. De qualquer modo, irei alinhar no Troféu Yamaha, nos Campeonatos nacionais de Mini Baja e Mini Enduro, estamos a ponderar fazer uma prova de Mini Enduro noutro País e quem sabe a partir de Maio, quando fizer 16 anos, possa já começar a participar nas corridas do Campeonato nacional de Enduro e de Bajas com os mais velhos, pois esse é o meu objetivo!
A quem gostarias de agradecer?
“Gostaria de agradecer a muitas pessoas, muitas mesmo, pois para que tudo isto seja possível há uma imensidão de pessoas que se têm de esforçar bastante!
Em primeiro lugar naturalmente à minha Família: Aos meus Pais, sem o seu apoio era completamente impossível praticar o desporto que pratico e sobretudo da forma que o pratico. Ao meu irmão Manel que para além de ser o meu fan número um, me ajuda muito na logística das corridas e que quando não pode estar presente está sempre a telefonar ao Pai e a torcer por mim em casa.
À minha escola e a todos os meus professores por sempre me apoiarem em tudo o que precisei e nunca terem colocado qualquer tipo de obstáculo.
Depois e mais relacionado com o mundo das motas e da competição, a duas pessoas muito especiais que me ajudaram muito neste percurso: o Pedro Machado da PA Motos que é uma pessoa muito especial, experiente e que foi o meu primeiro preparador, me apoiou e guiou nas minhas primeiras corridas com apenas 6 anos. Foi o Pedro que acompanhou na pista a Elisabete Jacinto quando ela fez o Dakar de mota e neste momento está com o consagrado piloto Helder Rodrigues na sua aventura nos SSV´s.
Depois ao Fernando Pinhel da Pinhelworks que foi quem se seguiu na preparação das minhas motas. Era um verdadeiro “príncipe da preparação de motas”. Com ele passei muitas e boas tardes a varrer e limpar a oficina. Embora infelizmente o Pinhel nos tenha deixado muito cedo acompanha-me em Todas as corridas que faço: em autocolantes na minha mota, numa estampagem na minha camisola de corridas, mas sobretudo na confiança e energia que sinto estar sempre comigo quando me sento na mota.
Não tenho palavras para agradecer a toda a estrutura do Offroad Camp Yamaha, em especial ao meu treinador e mentor Pedro Barradas, que é verdadeiramente incansável na minha preparação não apenas como piloto, mas sobretudo como pessoa e com quem espero poder continuar a aprender muitos e bons anos.
Não podia deixar de agradecer ao meu “Super preparador” Carlos Cambalhota, conhecido também por “Carlucci”, que não sei muito bem os truques de magia que faz, mas o que é certo é que cada vez que pego na mota, ela está melhor!!
E depois há inúmeras pessoas como o Luis Rodrigues da Shock Clinic que me prepara as suspensões para as Bajas, o Pedro Almeida (Barbaças) que me prepara as suspensões para o Enduro e muitos outras…
Uma palavra de agradecimento muito especial à Federação Portuguesa de Motociclismo por promover estas classes de iniciação e às organizações das provas que tanto se esforçam por conseguir ter os “Minis” a correr e por fim ao incrível público que aparece em todas as provas no meio do nada a puxar por nós com toda a força do mundo!
Enfim… como podem ver sou muito grato a muitas pessoas!”
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(Fotos: A2 Comunicação)