SBK 2020: Scott Redding na primeira pessoa
Quando Scott Redding venceu a sua primeira corrida no Campeonato do Mundo, nem tinha idade suficiente para obter uma licença de ciclomotor no Reino Unido, nem sequer seis meses depois. É alguém que parece ter estado sempre presente e no entanto que era mais jovem que Jonathan Rea ou Carl Fogarty quando conquistou o seu primeiro título mundial.
Desde a famosa vitória em Donington nas 125cc, Redding alcançou altos com que a maioria dos pilotos só pode sonhar. Mas muitos ficariam aliviados por terem sido poupados dos baixos que ele tam,bém teve de atravessar.
Falando após o teste de Jerez em Novembro e horas antes de voar para a Califórnia, o homem de Gloucester, estrela da Ducati em 2020, abre-se sobre os turbulentos últimos anos da sua carreira, através da fama, decadência e finalmente, ressurgimento. Este é Scott Redding, nas suas próprias palavras.
“Quem é Scott Redding? Essa é boa … Scott Redding é uma criança com talento e dedicação de Gloucester. Sem ego, quer-se divertir e aproveitar a vida, além de tentar ter sucesso nas corridas… E eu estou-me mesmo c***** no resto. Este sou eu!”
No ano passado [2018], a minha carreira terminou, mais ou menos. Eu já não queria correr, tinha 25 anos e pensei “estou acabado neste desporto”. Não estava feliz nem me sentia um sucesso. Vou tentar fazer outra coisa, essa foi a minha visão.”
“Dizer que estava queimado é uma boa maneira de pôr as coisas, porque não havia luz ao fim do túnel. Não havia futuro para avançar. Estava apenas lutando, sofrendo, realmente odiando a minha vida. E isso a modos que me desgastou. Eu vinha lutando por um título mundial na Moto2, que perdi devido a lesão. Isso já me magoou o suficiente, mas eu tinha um novo desafio de ir ao MotoGP e tentar ser campeão do mundo era o meu objetivo, é o que eu acreditava que poderia fazer. Mas senti-me no lugar errado, na hora errada a partir daí. Em todos os lugares a que fui, nunca era a hora certa.”
“A Aprilia foi como a última gota. Uma equipa de fábrica, a moto do ano anterior não era tão má assim … Mas era tudo a mesma coisa. Quando eu fui para lá, eles mudaram a moto, ou mudaram algumas regras ou o que quer que seja, e de repente a moto não funcionava. Isso desgastou-se, sabendo que tudo podia ser melhor, mas sem conseguir.”
“Há muita pressão no MotoGP, milhões de pessoas em todo o mundo a seguir-nos. Para mim, terminar em 16º ou 17º é humilhante. Alguns pilotos diriam que estão muito felizes com isso, pelo menos estão na MotoGP … Eu não!”
“Depois disso, eu superei e pensei: “na verdade, vamos lá tentar outra vez”. Vou tentar conseguir uma boa moto, em uma boa equipa. Porque sei que sou um bom piloto e sei que há mais potencial do que o que tenho mostrado.”
“Quando decidi que continuaria a correr, disse ao meu gestor: ‘Encontra uma moto e uma equipa que possam vencer’. Eu não dou a mínima se são Moto4s, skis, jet skis, corridas de trator … Apenas algo em que eu possa provar o meu talento às pessoas!”
Acabei a participar no Campeonato Britânico de Superbike e esse recomeço emocionou-me novamente, motivou-me emocionalmente. Recuperei aquele fogo por vencer de novo.”
“Não fui lá pensando que precisava de terminar entre os cinco primeiros. Precisava de vencer. Muitas pessoas pensaram: ‘bem, o Scott está acabado, não vai lidar co aquelas pistas, não vai conseguir’ … eu ainda sou o miúdo de Gloucester. Se eu preciso de correr, vou fazer o melhor que puder.”
“Foi a primeira vez na minha carreira que algo realmente foi planeado. Foi uma sensação incrível que me estimulou a entrar nas Superbike e tentar fazer a mesma coisa aqui.”
“Agora vejo que tenho uma carreira mais longa. E as experiências que tive no passado, mesmo nos tempos difíceis, vêm fortalecer-me neste paddock.”
“As corrida de motos, para mim não é diversão. Arriscar a vida não é divertido. Não ligo ao que os outros dizem. Um pequeno passeio num track day – adorável! Arriscar no limite em cada curva não é divertido e acho que todos os outros aqui diriam a mesma coisa. Se não estou obtendo resultados, não parece realmente valer a pena o risco.
Eu não cresci com dinheiro. Não tenho dinheiro – se me quero retirar, não sou multimilionário. Faço isto para ganhar dinheiro e prosperar neste desporto. Eu sempre disse que não tenho dinheiro para montar uma equipa. Não temos, fim da história. Se não posso conseguir um lugar sem pagar, não posso correr, é tão simples como isso!”
“Foi o que aconteceu em 2009. Tive uma temporada muito má; a moto avariou 24 vezes. Eu fui rápido, mas sem resultados no papel – e fui eu que fiquei queimado. As equipas estavam a pedir 200.000 €, 180.000 € por um lugar, eu não tinha nem 18.000 €!”
“E então o Michael Bartholemy, da equipa Marc VDS Racing, adoptou-me. Ele salvou a minha carreira, não há dúvida disso.”
“Não trabalhei tanto a vida inteira para agora ter que pagar para correr. O problema é que agora existem tantas pessoas que pagam. É o que é. Isso tornou tudo difícil para mim, mas, afinal, a cavalo dado não se olha o dente.”
A coisa boa no começo é que eu tinha montes de talento. Eu estava a andar em motos medianas e a acabar em posições em que não deveriam estar. Quando eu estava na BQR, acho que nunca tinham conseguido sequer terminar entre os 10 melhores – e ganhei uma corrida para eles! A primeira corrida em que participei, classifiquei-me na primeira fila e entre os cinco primeiros, na primeira ronda. Isso estava-me a ajudar, cheguei onde estava por causa de puro talento e trabalho duro.”
“Tenho uma grande temporada pela frente e quero estar pronto a 100%. Se queremos lutar para ser os melhores, é precisa estar preparado para enfrentar os melhores. E para mim o melhor sou eu, logo quero tentar bater a mim próprio todos os dias. É tudo o que posso fazer do meu lado. Tenho uma equipa por trás de mim e um fabricante de motos com potencial para nos colocar no topo.”
Continua
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